(*) Valter Bernat
Nós
vivemos sob um governo gastador, criador de programas disso e daquilo, e que
não consegue, por isso, cortar nenhuma mínima parte de seus gastos. O governo
lança um monte de programas com nomes bonitos e eleitoreiros, e em vez de
chamar economistas, chama publicitários e diz: “Taí o nome, lancem a campanha
necessária”. O custo? Quem se preocupa?
Na
verdade, o governo não quer encarar a missão de cortar na própria carne, muito
menos enfrentar seu custo político e também não quer bater de frente com os
empresários e o Congresso. Nesta hora, todos os membros do Poder Legislativo
são amigos e não aceitam que se reduzam suas benesses e emendas, principalmente
em ano de eleição municipal.
Isso
mostra que não temos a austeridade necessária e que o governo não consegue ter
uma coordenação adequada com o Legislativo. Daí, no caso da desoneração, o
governo faz o quê? Pede à AGU que judicialize uma decisão política, tomada pelo
Congresso, em dois turnos, nas duas Casas, reonerando a folha de pagamento dos
setores que mais empregam no país. Alguns defensores “cegos” poderão dizer que o
governo está querendo ser austero. Mas na verdade está querendo é aumentar a
receita para não ter que cortar gastos.
Para
contextualizar: o Congresso Nacional aprovou a renovação da lei que impede a
reoneração da folha de pagamento destes setores. Isso começou agora? Não!
Começou em 2011. Em 2012, Dilma, durante a criação de um daqueles programas que
o PT adora – criou o “Brasil Maior”, lançando até uma cartilha explicando a
desoneração da folha de pagamento. Está lá: quais os setores beneficiados, como
funciona e, principalmente, qual o artigo constitucional e as leis que amparam
esta decisão.
Evidentemente,
Rodrigo Pacheco e Arthur Lira ficaram estupefatos com esta afronta feita pelo
Executivo. Segundo eles, são 17 setores que geram cerca de 10 milhões de empregos.
Ainda assim, abrem uma porta para o governo negociar, pedindo que apresente uma
proposta alternativa, mas que mesmo assim, não têm certeza de aprovação.
Pacheco disse: “Isso foi realmente um erro, na minha opinião, primário,
que poderia ter sido evitado”.
O
Senado já recorreu desta liminar absurda, já que não havia urgência na decisão,
vez que a validade da lei em vigor terminará somente em junho, quando a ação já
teria sido julgada em plenário.
A
desoneração não significa que haverá algo não onerado. É uma substituição na
forma de oneração da folha de pagamento, e seus custos pertinentes, por uma
taxação sobre a receita da empresa, ou seja, se a empresa faturar mais, pagará
mais. Quando você distorce este processo econômico e diz, indiretamente: “não
empregue, empresário, pois se o fizer eu vou taxar você. Empregue menos.
Contrate menos”. Na verdade, é isso que o governo está propondo.
Este
é o PT, no que se refere à arrecadação de impostos para fazer jus ao arcabouço
fiscal de Haddad. O mesmo partido que em 2012 aprovou e incentivou a
desoneração, agora é contra.
É
óbvio que, na realidade, esta reoneração – proposta por Lula – está punindo o
trabalhador, porque se a empresa não paga o tributo a maior, ela ou aumenta o
preço de seu produto ou demite funcionários para fazer jus à esta alteração.
Quando isso acontece, encarece e aumenta a inflação, diminuindo o consumo e
aumentando o desemprego.
Não
há como entender que o governo queira estimular a economia com esta medida. Já
tentou antes, fazendo uma MP e dando um tapa na cara do Congresso e da
sociedade. Foi derrotado fragorosamente. O Congresso precisou se reunir outra
vez para dizer: “Não, governo, isto não pode”!
Curiosamente,
em todas as distribuições eletrônicas do STF, as ações caem exatamente onde o
governo quer que caiam, ou seja, nas mãos de um ministro escolhido por Lula ou
parceiro, sabe-se lá por que motivos; sabe-se lá se por gratidão ou por
convicção, mas diferente do que fez o relator da vez anterior, Lewandowski –
atual ministro da Justiça, então ministro do STF – que votou contra a
reoneração, por isso está quietinho, sem falar nada sobre o assunto. Ele era
contra como ministro do STF e agora, como Ministro da Justiça ficou a favor?
Lamento
muito a decisão do governo de agredir uma decisão do Congresso e, diretamente,
agredir a sociedade como um todo judicializando uma decisão do Congresso que
ratificou sua decisão anterior, afastando de vez qualquer pacto do Executivo
com o Legislativo. E como fica o compromisso com a sociedade?
Aguardemos
o plenário do STF, torcendo para que ele mantenha a decisão do Congresso
Nacional, declarando como “interna corporis” a decisão tomada pelo
Legislativo, arquivando a ação.
Para
encerrar: além da sanha de arrecadar, qual é a proposta do governo para
equilibrar as contas?
(*) Advogado, analista de TI e
editor do site O Boletim
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