Foto adaptada (Internet Google)
O Congresso Nacional derrubou nesta terça-feira (28) o veto do presidente Lula (PT) ao projeto de lei das chamadas saidinhas, proibindo, assim, a saída temporária de presos em datas comemorativas como Natal e Páscoa. As informações são da Folha de São Paulo.
As
saidinhas eram autorizadas pela Justiça a detentos do regime semiaberto que não
haviam cometido crimes hediondos com morte e atendiam a uma série de
requisitos. O benefício foi extinto por deputados federais e senadores neste
ano, mas vetado por Lula.
Com
o veto do presidente, os detentos continuariam com o direito de deixar o
sistema penitenciário em datas comemorativas. Com a derrubada, o Congresso
elimina o benefício e passa a permitir a saída temporária, mediante novas
regras, apenas para estudo ou trabalho externo.
Nas
últimas semanas, membros do governo procuraram líderes partidários para tentar
convencer os parlamentares sobre a importância da garantia. O próprio
presidente chegou a afirmar a auxiliares, segundo relatos, que a manutenção do
veto era prioridade na sessão desta terça.
Os
ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Ricardo
Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), além dos
líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso tinham sido escalados
para a articulação.
Ao
vetar o dispositivo, o governo alegou questões humanitárias e afirmou que
acabar com as saidinhas deve dificultar o retorno dos detentos ao convívio
social. Especialistas, defensores públicos e governos estaduais também temem
rebeliões e tentativas de fuga.
Apesar
dos alertas, líderes do centrão dizem que o debate foi contaminado pela
polarização política. Havia especial preocupação com a opinião pública entre os
deputados federais que vão disputar as eleições municipais deste ano.
Reservadamente,
parlamentares da base aliada também afirmaram que a mobilização do governo foi
abaixo do necessário diante da gravidade e impopularidade do tema.
O
fim das saidinhas se tornou uma das pautas prioritárias do Senado após a morte
do sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Roger Dias da Cunha, baleado por
um homem que estava em saída temporária em Belo Horizonte.
Em
nota técnica, a DPU (Defensoria Pública da União) afirma que o fim das
saidinhas estabelece um cenário de insegurança jurídica que não permite afirmar
se a proibição valerá apenas para novos detentos ou para os que já cumprem
pena.
A
nota técnica afirma que a saída temporária é fundamental para o retorno do
preso ao convívio em sociedade e destaca ainda outros problemas da legislação
aprovada que não foram vetados por Lula, como a exigência do exame
criminológico para progressão de regime.
A
DPU aponta que o fato de a lei ter proibido a saída temporária (para estudo ou
trabalho) de pessoas que cometeram crimes com violência ou grave ameaça
"inclui em um mesmo universo uma quantidade muito variada de presos, em
situações muito discrepantes".
Apenas
o Código Penal, afirma a DPU, faz referência ao uso da violência em mais de 80
dispositivos, que vão desde crimes como homicídio e infanticídio a crimes como
os de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e
violência política.
Também
na sessão desta terça, parlamentares mantiveram vetos do petista à Lei Orgânica
da Polícia Militar, entre eles o que abria margem para a participação da tropa
em manifestações político-partidárias.
O
Congresso também manteve o veto de Lula ao trecho que destinava 20% das vagas
para candidatas do sexo feminino. Na avaliação de especialistas e do governo, o
percentual criava um teto para o ingresso das mulheres e permitia que elas
disputassem todas as vagas apenas na área da saúde.
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