É
comum que pacientes infectados por dengue sintam dores no corpo, febre alta e
tenham manchas na pele. Esses sintomas duram em torno de 5 a 7 dias. Porém,
mesmo após a cura, alguns sintomas podem persistir, como a fadiga extrema,
dores musculares e articulares, além de manchas na pele.
O
infectologista Julival Ribeiro aponta que as pessoas diagnosticadas com dengue
grave, chamada de dengue hemorrágica, podem continuar com sintomas e ter sequelas,
como insuficiência cardíaca e miocardite – uma inflamação do tecido muscular do
coração. Julival menciona, ainda, que podem haver sequelas cerebrais.
“A
depender do quadro clínico da dengue, se foi grave, podem surgir manifestações
neurológicas, por exemplo, perda de memória, se a pessoa teve uma inflamação no
cérebro, e irritabilidade. Tudo isso pode acontecer a longo prazo com a
dengue”, destaca o infectologista.
Caso
o paciente apresente sintomas semanas após a cura, deve procurar assistência médica.
“Nas pessoas que tiveram dengue grave, é que essas alterações podem durar por
longo tempo, ou mesmo tornar-se um problema crônico. Portanto, quem teve
dengue, apresenta sintomas depois de várias semanas ou meses, deve procurar um
serviço de saúde para esclarecer”, indica Julival.
Dengue
hemorrágica
As
alterações de saúde afetam, em especial, pacientes que tiveram dengue
hemorrágica. O especialista em doenças tropicais do hospital Anchieta e
infectologista, Manuel Palácios, explica como a dengue clássica evolui para a
hemorrágica.
“A
dengue pode evoluir para dengue hemorrágica, ou dengue grave, quando há um
aumento da permeabilidade vascular, levando a vazamento de plasma, sangramentos
graves e falência de órgãos. A fase crítica, onde o paciente está mais
vulnerável, pode durar de 24 a 48 horas”, pontua.
Segundo
Manuel Palácios, os sintomas da progressão da doença costumam aparecer entre o
3º e o 7º dia e coincidem com a queda da febre. Os sintomas são:
Sangramentos
espontâneos: nas gengivas, nariz e trato gastrointestinal
Dor
abdominal intensa e contínua
Vômitos
persistentes
Letargia
ou irritabilidade
A
médica intensivista do Hospital Santa Marta, localizado em Taguatinga Sul no
Distrito Federal, Adele Vasconcelos, explica que a dengue causa desidratação
interna por perda de líquido, o que faz com que o sangue engrosse e as
plaquetas caiam – fatores que aumentam o risco de hemorragia. “A evolução da
dengue para a hemorrágica depende de organismo para organismo. A gente só
considera uma dengue como hemorrágica se o paciente tiver algum tipo de
sangramento, seja ocular, no nariz, na boca, na urina, nas fezes, às vezes até
na cabeça, um AVC”, salienta a médica.
Em
relação às sequelas da dengue grave, órgãos como coração, rins, fígado e
cérebro podem ser afetados. A professora do Gama, no Distrito Federal, Gláucia
Ferreira Matos, 45 anos, teve a doença em março deste ano. Ela relata que, além
da dengue ter afetado a imunidade dela, tem investigado problemas nos rins e
fígado.
“A
dengue atingiu gravemente o meu fígado, consequentemente o meu rim também e,
agora, eu venho fazendo acompanhamento, exames de sangue, hemograma, alguns
exames mais específicos para acompanhar, porque eu venho sentindo sintomas que
eu nunca tive na vida antes de ter dengue”, conta a professora.
Têm
maior risco de desenvolver dengue hemorrágica crianças, idosos, gestantes,
portadores de doenças imunossupressoras (HIV/Aids, doenças autoimunes,
neoplasias), além de pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão
e indivíduos previamente infectados com um sorotipo diferente do vírus da
dengue.
Quadro
diagnóstico
Dengue
clássica: febre alta, dor de cabeça, dor por trás dos olhos, dores musculares e
articulares, exantema (manchas na pele) e, às vezes, sangramento leve das
gengivas ou nariz. Dura geralmente de 5 a 7 dias;
Depois
podem persistir: fadiga extrema, que pode durar várias semanas; dores
musculares e articulares, por algumas semanas ou meses; exantema pode aparecer
novamente alguns dias após a febre ter cessado e durar de 1 a 5 dias;
Progressão
para dengue hemorrágica: sangramentos espontâneos nas gengivas, nariz , dor
abdominal, vômitos persistentes. Costumam aparecer entre o 3º e o 7º dia,
coincidindo com a queda da febre;
Sinais
de dengue grave: choque, caracterizado por pulso fraco e rápido, pressão
arterial baixa, extremidades frias e úmidas; sangramento grave (vômitos com
sangue, fezes escuras, sangramento vaginal excessivo, entre outros);
comprometimento de fígado, cérebro, coração. Podem surgir de 3 a 7 dias após o
início dos sintomas (nos casos graves);
Repercussão
da dengue no país
O
Ministério da Saúde pontua que, em 2024, o avanço histórico da doença no país
fez 10 estados e o Distrito Federal decretarem situação de emergência.
Veja
alguns dados sobre atendimentos por dengue na rede pública do país:
Goiás:
3.835 internações de janeiro a 4 de junho de 2024;
Mato
Grosso: 1.991 hospitalizações este ano (enviados até dia 4 de junho);
Bahia:
foram 9.958 hospitalizados em 2024 (enviados até dia 5 de junho);
Distrito
Federal: 72.615 pacientes foram atendidos por dengue este ano (dados até 14 de
junho).
Em
um levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios
do Estado de São Paulo (SindHosp), de 3 a 13 de maio de 2024, 96% dos hospitais
paulistas registraram aumento de internações de pacientes por dengue e síndrome
respiratória aguda grave (SRAG).
Segundo
o informe da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o número de
diagnósticos e mortes por dengue em 2024, com 82% dos casos registrados no
mundo, sendo 6,3 milhões de casos prováveis e 3 milhões confirmados em
laboratório.
Prevenção
e combate à dengue
Com
uma vistoria de 10 minutos semanais em casa, os moradores podem acabar com os
possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti,
segundo o Ministério da Saúde. Confira alguns cuidados:
Colocar
areia nos vasos de plantas;
Verificar
garrafas, pneus, calhas, caixas d'água;
Checar
o recipiente atrás da geladeira e climatizador;
Olhar
plantas e pratos que acumulem água;
Amarrar
bem sacos de lixo;
Limpar
bem as calhas de casa.
Fonte:
Brasil 61
Para mais informações sobre a dengue e formas de prevenção, acesse: www.gov.br/mosquito.
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