(*)
Percival Puggina
Estamos
bem abastecidos de extremistas de esquerda nas posições de influência e poder
na sociedade. Esse pessoal tem um grave problema: certo e legítimo, para eles,
é o que eles querem, quando querem e enquanto querem, até mudarem de ideia e
quererem o contrário.
Nos
anos 60 e seguintes do século passado, os militares brasileiros, com apoio de
parcela majoritária da opinião pública, lutavam contra o comunismo num período
de enorme expansão guerrilheira e imperialismo comunista. Guerrilhas na América
Latina e na África; imperialismo na Europa do Leste e na Ásia. Os militantes da
luta armada, sem apoio popular, com treinamento e recursos buscados em Havana,
Moscou e Pequim (bem como em sequestros e assaltos), buscavam implantar, à
bala, o regime de sua preferência.
Estavam
tão comprometidos com restaurar a democracia e as liberdades quanto Hitler com
o fim do preconceito racial. Se vencessem, faltaria paredón no país.
Derrotados,
passaram a cobrar, a partir de 1975, a aprovação de uma lei de anistia. O pedido
motivou o presidente João Figueiredo a enviar ao Congresso o projeto de anistia
de junho de 1979. Por excluir os crimes de sangue, a lei foi vista por
militares e guerrilheiros como parcial e restrita. Importante lembrar o
ambiente emocional do período. Havia mortos e feridos dos dois lados e, entre
os combatentes, nenhuma vontade de perdoar ou esquecer. Anistia parcial não
lhes servia.
Seguiram-se
semanas de intensa mobilização social e popular. A nação não combatente,
finalmente, concordava sobre algo: anistia ampla, geral e irrestrita, desde que
os crimes tivessem sido cometidos em nome de uma “causa” política. Era como se
o povo dissesse: “Sosseguem todos, esqueçam-se mutuamente e vamos trabalhar!”.
Não
precisou muito tempo para que os anistiados da extrema esquerda, dando
sequência à narrativa construída ao longo do período, passassem a pleitear a
revisão da lei. Alegando querer justiça, desejavam restaurar o conflito
político mediante a condenação de seus antagonistas. Com a insistência e persistência
que lembra o Joãozinho da anedota, a extrema esquerda levou sua insatisfação à
Constituinte. Queria condenar seus adversários na Constituição, mas não obteve
êxito no Congresso Nacional, nem no STF. Tentaram, ainda, os extremistas, botar
mais pressão com a ridícula Comissão da Verdade, escolhida a dedo por Dilma
Rousseff, guerrilheira do período. Igualmente em vão o fizeram.
O
senso de justiça e a história ensinam de modo amplo: anistia é um instrumento
da política e não da justiça.
Também
penso que não é justo deixar os vândalos sem punição. Também penso não ser
justo manter impunes os que abusaram e abusam de seu poder atropelando o bom
Direito, a Constituição e os códigos contra pessoas humildes e seus advogados.
Não obstante, nosso problema não é de justiça num sentido moral, mas de
política, num sentido prático: existem pessoas de quem a liberdade foi tomada
enquanto no país se instala um poder diferente, exalando ameaças, prometendo
raios e trovões de uma soberania judicial. O país precisa virar essa página! A
credibilidade das instituições está em frangalhos.
As
histórias tristes que nos são contadas sobre cidadãos de bem, presos na Papuda
e na Colmeia, as penas desproporcionais a eles aplicadas deveriam ser motivo
mais do que suficiente para ninguém, de consciência sã, se apresentar como
adversário da anistia. Não em nome da representatividade dos omissos ou uma tal
“justiça”, quando ela corre tão longe de seu leito moral.
(*) Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de jornais.
Não deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para mais notícias do Blog do professor TM
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário