O presidente Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato, tem demonstrado incômodo com a presença de observadores eleitorais no país© Ariana Cubillos/AP Photo/picture alliance
Um avião saindo do Panamá com destino à Venezuela, que levaria ex-presidentes da América Latina para acompanhar as eleições de domingo no país, teve a decolagem desautorizada devido a um bloqueio do espaço aéreo, afirmou nesta sexta-feira (26/07) o presidente panamenho José Raúl Mulino.
Na semana passada, a Venezuela baixou um decreto para fechar seu espaço aéreo, marítimo e terrestre a partir da meia-noite de sexta-feira. O governo de Nicolás Maduro, que busca o terceiro mandato, alega que a medida visa garantir a segurança do pleito.
Entre
os passageiros a bordo do voo comercial operado pela Copa Airlines estavam os
ex-presidentes Mireya Moscoso (Panamá), Vicente Fox (México), Miguel Ángel
Rodríguez (Costa Rica) e Jorge Quiroga (Bolivia), além da ex-vice-presidente
colombiana Marta Lucía Ramírez – todos membros da Iniciativa Democrática da
Espanha e das Américas (Grupo IDEA), fórum que reúne ex-mandatários como os
ex-presidentes brasileiro Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e argentino Mauricio
Macri.
Segundo
Mulino, a decolagem teria sido desautorizada por causa da presença do grupo.
Uma segunda aeronave da mesma companhia aérea também teria tido a permissão de
decolagem saindo do aeroporto internacional de Tocumen negada.
"Queríamos
estar com vocês", disse Moscoso aos passageiros na aeronave. "Dói na
alma. Queremos uma Venezuela livre. (...) Vão votar e prestem atenção para que
não roubem seu voto", emendou, sob aplausos dos passageiros.
Na
quarta-feira, o vice-presidente do Partido Socialista da Venezuela (PSUV)
Diosdado Cabello já havia dito que expulsaria os ex-presidentes se eles
pusessem os pés na Venezuela: "Não estão convidados. Se aparecerem no
aeroporto, os expulsamos", afirmou, chamando-os de "inimigos do
país" e "fascistas".
TSE
do Brasil desistiu de acompanhar eleições
Também
nesta semana, o ex-presidente argentino Alberto Fernández e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil desistiram
de acompanhar presencialmente as eleições, alimentando receios sobre a lisura e
transparência do processo eleitoral venezuelano.
Fernández,
que é kirchnerista, afirmou ter sido demovido da viagem pelo governo
venezuelano, que alegou ter "dúvidas sobre a imparcialidade" dele.
Já
o TSE se incomodou com críticas de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro.
"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras,
que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis
e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender
convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o
pleito do próximo domingo", afirmou o tribunal, em nota.
Disputa
a Presidência venezuelana com Maduro o candidato oposicionista Edmundo González
Urrutia, que surgiu na disputa após o regime de Caracas invalidar outras duas candidatas anteriores.
Fonte: DW Brasil (Reuters, AFP)
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