MILWAUKEE
(Reuters) - Donald Trump escolheu nesta segunda-feira o jovem senador J.D.
Vance como seu companheiro de chapa, no início da convenção nacional do Partido
Republicano em Milwaukee que oficializou o ex-presidente como candidato da
legenda na eleição de novembro. As informações são de
Trump
vai aceitar formalmente a nomeação do partido em um discurso no horário nobre
na quinta-feira. Ele desafiará o presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, nas
eleições de 5 de novembro.
Vance,
de 39 anos, é um político que já criticou o ex-presidente em termos ácidos, mas
que depois se tornou um de seus defensores mais ferrenhos. Autor do best-seller
de memórias “Hillbilly Elegy”, ele pode aumentar o comparecimento dos eleitores
de Trump na eleição, já que é muito popular com a base republicana.
Um
rígido conservador de um Estado tradicionalmente republicano, Vance não deve
trazer muitos eleitores novos para Trump; ao contrário, pode inclusive alienar
alguns moderados.
Alguns
eleitores de Trump haviam pedido que ele escolhesse uma mulher ou uma pessoa
negra como vice para expandir sua base de apoio, que tende a ter principalmente
homens brancos.
O
ex-presidente, de 78 anos, sobreviveu a uma tentativa de assassinato em um
comício de campanha na Pensilvânia no sábado realizado por um atirador cujos
motivos seguem desconhecidos.
Diversos
dos principais apoiadores de Trump -- incluindo o antigo conselheiro sênior
Steve Bannon e o filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr. -- já elogiaram
Vance no passado por pressionar o Partido Republicano a adotar uma política
externa menos intervencionista e por defender barreiras comerciais.
Vance
também encantou os eleitores de Trump com a sua presença nas redes sociais,
sempre disposto ao confronto, algo raro no Senado, que costuma ter
parlamentares preocupados com decoro e civilidade.
Ao
escolher Vance, Trump descartou outros possíveis candidatos como os senadores
Marco Rubio e Tim Scott, além do governador da Dakota do Norte, Doug Burgum.
A
ascensão rápida de Vance é incomum na política norte-americana. Depois de uma
infância problemática e empobrecida no sul de Ohio, ele serviu na Marinha,
ganhou uma bolsa para a faculdade de direito de Yale e trabalhou, depois, como
um investidor em São Francisco.
Ele
se tornou famoso em 2016 com o seu livro "Hillbilly Elegy", no qual
discute os problemas que atingem a sua cidade natal e o ciclo de pobreza que
aprisiona os norte-americanos nas montanhas dos Apalaches, a origem da sua
família.
Vance
foi um duro crítico de Trump antes e depois da vitória dele na eleição de 2016
contra Hillary Clinton, chamando-o de “idiota” e de “Hitler americano”. Mas,
conforme ele buscava a vaga para o Senado em 2022, Vance se transformou em um
dos mais consistentes defensores de Trump, oferecendo apoio mesmo quando outros
senadores se negavam.
Vance
minimizou o ataque de 6 de janeiro de 2021 de apoiadores de Trump ao Capitólio
dos EUA, dizendo que “duvidava” que a vida de Mike Pence estivesse em perigo,
apesar dos manifestantes violentos terem estado próximos do então
vice-presidente enquanto os seguranças o retiravam do Capitólio.
O
senador também ecoou as críticas de Trump à maneira que o Departamento de
Justiça processou os manifestantes de 6 de janeiro.
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