(*) Percival Puggina
Dureza!
Embora desejadas e apreciadas por tantos pais, alunos e por tantos professores
em estados e municípios brasileiros cujas sociedades reconhecem seus bons
resultados, as escolas cívico-militares enfrentam uma luta permanente por sua
sobrevivência.
Os
motivos alegados por quem propõe sua extinção ou interdição envolvem um
preconceito e um conceito. O preconceito é contra o rótulo militar; o conceito
é que o cívico precisa ser coletivo, único e unitário. Por igual razão, seus
adversários são contra o ensino das crianças pelos próprios pais (home
schooling), que é, tão somente, uma fórmula pela qual pais zelosos tentam
contornar o problema de uma educação escolar com péssimos resultados.
Então, sindicatos de professores e partidos políticos de extrema esquerda pressionam governos, parlamentos e administrações municipais e se revezam nos protocolos do judiciário portando petições pela eliminação desse tipo de educandário. O sistema não quer perder uma única vítima.
Sou
avesso aos alinhamentos automáticos. De regra, parece pouco racional a conduta
de quem se põe ao lado de tudo que um grupo político diz e contra tudo que o
outro fala. A política não está acima da razão, da ética e do bem. No caso,
porém, os opositores são conhecidos e estamos falando do bem dos estudantes,
dos pais e das comunidades atendidas por esses estabelecimentos de ensino. A
eles há que se alinhar automaticamente, sim, e perguntar: seria essa uma
campanha contra um sinal de contradição cujos resultados o sistema oficial não
pode contestar?
Enquanto
a rede de ensino público, nitidamente, revela pouco interesse pela presença,
opinião e participação dos pais na vida das escolas, as escolas
cívico-militares agem no sentido inverso. Enquanto as escolas da rede pública
são vulneráveis às más influências externas, à indisciplina e às condutas
violentas, as escolas cívico-militares cultivam os bons costumes e as condutas
civilizadas voltadas ao aprendizado, mantendo à distância traficantes,
malfeitores e desordeiros. Enquanto, nas escolas públicas, o amor à pátria é
negligenciado em nome de seu ativismo crítico, nas cívico-militares o
patriotismo não é reprovado, mas estimulado. Então pergunto: esses três tópicos
não fazem lembrar os três daquele recente discurso de Lula ao Foro de São Paulo
comemorando a derrota do discurso da família, dos costumes e do patriotismo?
Pois é.
Mais
algumas razões da razão devem ser acrescentadas para compreensão da animosidade
às escolas cívico-militares. Há quase dois anos, em artigo que escrevi para
vários jornais e sites eu as explicitei assim:
Mas
é só por isso que a extrema esquerda no poder combate historicamente e põe as
escolas cívico-militares de joelhos com a nuca exposta? Não, tem muito mais. A
escola que ela quer substitui o moralmente correto pelo “politicamente
correto”, a História por um elenco de narrativas capciosas, a solidariedade
pelo antagonismo, o amor ao pobre pelo ódio ao rico.
Essa
esquerda combate a estrutura familiar pela condenação do suposto patriarcado,
como se a paternidade fosse apenas poder e não amor, responsabilidade, serviço
e sacrifício. A sala de aula não pode ser o vertedouro das frustrações
complexos de quem detém o toco de giz.
Ela
desrespeita a inocência das crianças. Contra a vontade unânime dos parlamentos
do país, introduz pela janela a ideologia de gênero nas salas de aula enquanto
os valores saem pela porta.
Ao
se tornar alavanca ideológica, a Educação não estimula o respeito à propriedade
privada, nem o empreendedorismo, nem o valor econômico do conhecimento e das
competências individuais.
Tal sistema, quando fala em escola de tempo integral, mais me assusta do que me alegra!
(*) Arquiteto, empresário,
escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de dezenas de
jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do Sul, entre
eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros websites de
expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do Poder, Tribuna da
Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de jornais.
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