Após nota de repúdio enviado pelo Coletivo do Colegiado de Artes Visuais da Univasf-Universidade Federal do Vale do São Francisco á imprensa Reveja , sobre "fato ocorrido envolvendo a discente Alessandra Paes do curso de Artes Visuais da Univasf, no Centro Cultural João Gilberto, localizado em Juazeiro/BA, o ator Devilles, exercendo o seu direito constitucional de ampla defesa enviou nota a imprensa em esclarecimentos aos fatos. Veja nota abaixo:
DIREITO RESPOSTA
Em
virtude da matéria publicada no dia 12 de agosto, assinada pelo Colegiado do
curso de Artes Visuais da Univasf e dos acontecimentos ocorridos no dia 7 do
mesmo mês no Centro de Cultura João Gilberto, gostaríamos de esclarecer alguns
pontos importantes.
Emitir
uma nota de repúdio e afirmar que a imagem e a atuação profissionais foram
atacadas é equivalente a alegar que se foi vítima de um crime. É essencial
entender a gravidade desses fatos para assumir a responsabilidade pelo que se
diz, especialmente ao acusar alguém de agressão verbal sem apresentar provas
concretas, baseando-se apenas em interpretações infundadas e narrativas
distorcidas do ocorrido.
Em
relação aos fatos, a discente não menciona na nota de repúdio assinada pelo
colegiado que, naquela manhã, durante a programação do projeto Teatro Escola,
fui abordado pela denunciante de forma nada amistosa: "Você tem que ter
mais responsabilidade com seu público. Eles estão vandalizando a
exposição." Por um momento, pensei que ela estivesse se referindo ao grupo
de adolescentes que adentrava pela escada principal enquanto eu, de imediato,
protegia a exposição. No entanto, os "vândalos" aos quais a mediadora
se referia eram, na verdade, crianças de 3 a 5 anos de uma creche local, que
estavam retornando em fila indiana, com as mãos apoiadas nos ombros dos colegas
à frente e acompanhadas por suas professoras. Esse equívoco ocorreu após terem
sido liberadas para retornar ao ônibus.
O
atual gestor do espaço, Flávio Henrique, dirigiu-se à moça em tom moderado,
dizendo-lhe que não havia gostado da maneira como ela o havia abordado, que não
havia pessoal suficiente para oferecer o suporte necessário e que não seria
possível fechar o teatro em detrimento da exposição. Exaltada, a moça levantou
a voz e declarou: "Você está negligenciando o meu trabalho enquanto o
Teatro Escola promove toda essa desordem." Irritado, mas mantendo o
controle para não passar uma imagem de descontrole diante da plateia, pedi que
ela abaixasse o tom de voz, pois o meu timbre poderia sobrepor o dela.
O
Centro Cultural João Gilberto, apesar de ser um espaço geograficamente central,
sempre foi palco e plateia para artistas e espectadores vindos das periferias e
das mais diversas classes sociais. A fala da mediadora é violenta para aqueles
que fazem o centro de cultura funcionar desde a sua criação: periféricos,
negros e de origem humilde, assim como eu sou. A fala reforça um estigma de
segregação a pessoas que sempre tiveram o acesso a espaços culturais como esses
negado, e que, graças ao projeto Teatro Escola, desenvolvido há mais de 40
anos, têm a oportunidade de acessar e desfrutar de espetáculos teatrais.
Tentei
explicar que havia um acordo de interação entre o meu trabalho e a exposição, e
pedi que a discente me respeitasse. Em tom ainda mais alterado, ela gritou:
"Esse centro de cultura é seu?" Respondi: "É meu, dela, dele,
daquele, daquela," apontando para o público de 12 estudantes que compravam
ingressos. Ela, que continuava exaltada, disse que ia me mostrar que as coisas
não eram como eu pensava. Respondi que não a conhecia de lugar nenhum, nem ela
a mim, e que não a reconhecia como alguém para me fazer ameaças. Reforcei que
sou defensora ferrenha do meu público e que passaria por cima de qualquer um,
se necessário, para defendê-los.
O
centro cultural jamais será um espaço reservado apenas à academia, mas também
para ela, e eu jamais tolerarei que o meu público, crianças que vêm da mesma
origem que eu, sejam desrespeitados e tratados com animosidade dentro de um
espaço que lhes pertence por direito. A discente não menciona o tom elevado com
que se dirigiu a mim na frente das crianças, muito menos as falas homofóbicas
ao me chamar de "viado estressado."
Meu
nome é Devilles, tenho 40 anos dedicados às artes cênicas e 45 anos de
militância cultural contra, radicalmente, toda e qualquer forma de segregação.
Sou um combatente ferrenho de qualquer preconceito e discriminação,
especialmente social, à qual o meu público infantil estava sendo submetido. Não
sei se as expressões "vândalos" e "delinquentes" teriam
sido usadas se se tratasse de crianças de uma escola privada. Duvido.
Quem
praticou crime contra quem?
Devilles
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