Talentoso,
dedicado, divertido. Palavras certeiras para descrever o jornalista Pedro
Miranda, que faleceu aos 28 anos na tarde desta quinta-feira (8), em Petrolina.
“Oi, ícone”, dizia aos muitos amigos que fez durante o 1º Curso Estadão de
Saúde, em 2022. Era assim que Pedro costumava cumprimentar a cada manhã seus
colegas da turma de Focas, como são conhecidos os nossos trainees.
Durante
o curso, ele chegava para as atividades na sede do Estadão, na zona norte
de São Paulo, perto das 9 horas. Um pouco mais, um pouco menos. Naquele ritmo
que caracteriza as pessoas mais notívagas. Às vezes, já trazia da rua alguma
observação bem-humorada sobre a rotina de estar em uma cidade tão diferente da
sua. Era de uma curiosidade só, que em sala de aula se traduzia em perguntas
para professores, palestrantes e colegas.
Formado
em Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e com experiência em
reportagem local e em redes sociais, o pernambucano logo se destacou no curso e
foi convidado a trabalhar no Estadão sem sair de Petrolina. A
responsabilidade não era pouca. Durante a madrugada, ele ficava responsável
pelas notícias importantes que ocorressem no Brasil e no mundo. Atualizava a
homepage, se fosse preciso. Enviava notificações aos leitores, alertava os
demais jornalistas da redação em casos mais graves. Ontem mesmo, foi por ele
que o leitor do Estadão ficou sabendo que as forças de segurança da
Áustria haviam apreendido produtos químicos na casa do jovem suspeito de
planejar um atentado aos shows da cantora Taylor Swift. Na segunda-feira, tinha
sido Pedro a nos informar sobre o colapso histórico na Bolsa de Tóquio, sobre
os protestos com mais de 90 mortos em Bangladesh, sobre a morte do músico e
maestro Caçulinha. Uma versatilidade ímpar.
A
jornada de trabalho sempre terminava com um e-mail para a redação. Em
madrugadas mais tranquilas, escrevia: “Sem ocorrências!”, com exclamação mesmo.
E o tradicional “Até amanhã, bom trabalho!”
Pedro
vivia com a mãe, Maria José Santos, a irmã, Ana Luiza Miranda, e duas filhas
pets, Rumi e Pérola. Tinha planos de vir morar em São Paulo. Enquanto isso não
acontecia, ia se preparando, como relatou para um dos amigos na turma de Focas.
“Bom, de todo modo, vou começar a comprar minhas coisas… Liquidificador, sanduicheira,
coisinhas assim.” Amava fazer bolos, algo que aprendeu com Niedja, a famosa tia
confeiteira. Não faltavam amigos para compartilhar as iguarias.
O
sepultamento do Pedro ocorreu na manhã desta sexta-feira (9), em Tapera,
distrito de Petrolina. O Estadão se solidariza com a família dele e
seus amigos mais próximos neste momento de dor.
Abaixo,
reunimos depoimentos dados por alguns jovens repórteres amigos de Pedro:
“Pedro
foi tão feliz! Tinha muitos planos pela frente, mas o mais importante é que soube
que era amado por sua família e seus amigos. Com ele por perto, quem estivesse
triste iria certamente conseguir dar uma risada. Era um tesouro, uma pessoa
muito especial.” Jayanne Rodrigues, repórter do ‘Estadão’ e amiga de
faculdade
“Ele
era presente selecionado a dedo. Era bolo que acabou de sair do forno. Crise
riso com os amigos no fim de semana. Abraço daqueles que você entra dentro. Era
você ter certeza de que alguém te ouviria com muita atenção, carinho e afeto.
E, no final, diria ‘Valei-me, uma coitada’. Que bom que passou por onde passou,
fez rir, riu junto, chorou, viveu, dançou, cantou Alceu. Pedro brilhou. E como
brilhou.” Stéphanie Araújo, repórter do ‘Estadão’ e integrante do 1º Curso
de Saúde
“Pedro
Miranda é um evento. E ele sempre mudava os rumos dos lugares e das relações
que seriam ali estabelecidas. Em sua despedida, foi possível ver muitos rostos:
família, amigos, ex-colegas de turma e professores da faculdade. Além de
diversos colegas de profissão. Havia representantes do G1, da TV Grande Rio
(afiliada Rede Globo), da Falô Soluções Criativas e mais. Na Universidade do
Estado da Bahia (Uneb), era um aluno de destaque: bom em escrita, edição de
vídeos e design. Quando foi selecionado para o Curso de Jornalismo do Estadão,
pouco antes de se formar, não foi diferente. Pedro conquistou a todos e mostrou
o quanto era criativo, ágil e sagaz.” Layla Shasta, jornalista, amiga de
faculdade e integrante do 1º Curso de Saúde
“Ele
era a personificação da felicidade, da esperança de que fases ruins tinham data
de validade, aquele amigo que brincava muito e que nos fazia sentir saudades
quando estava ausente. Vá em paz, querido amigo.” Guilherme Rosa,
jornalista e integrante do 1º Curso Estadão de Saúde.
Estadão
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