Traficante italiano delata ligações do PCC com a máfia calabresa



Um traficante italiano que já viveu em São Paulo delatou às autoridades do país dele detalhes da relação da máfia da Calábria com o PCC. Uma relação que a polícia paulista já estava investigando.


Preso no Brasil em 2021 e extraditado em 2024 para a Itália, o mafioso Vincenzo Pasquino decidiu fazer uma delação e colaborar com a Justiça do país dele. A informação foi revelada nesta quinta-feira (24) pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.


Segundo a reportagem, em junho, o chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, Giovanni Melillo, enviou um documento ao procurador-geral da República do Brasil, Paulo Gonet, informando que o mafioso Vincenzo Pasquino forneceu informações sobre um esquema montado com o PCC sobre o tráfico internacional de drogas para a Europa. A TV Globo confirmou que houve o pedido de colaboração por parte das autoridades italianas e que a PGR está colaborando.


Segundo o “Estadão”, Vincenzo Pasquino confessou que era integrante de um grupo mafioso que atua na Itália desde 2011 e que veio para o Brasil em 2017.


Em maio de 2021, uma operação conjunta da Polícia Federal, a Interpol e a polícia italiana prendeu, em um flat em João Pessoa, Vincenzo junto com Rocco Morabito, um dos traficantes italianos mais procurados na época.


A polícia de São Paulo já vinha investigando a atuação de criminosos italianos no Brasil e a ligação deles com o PCC. Policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) descobriram que os italianos haviam comprado ou alugado imóveis em São Paulo, onde faziam contato direto com integrantes da facção criminosa.


O delegado do Denarc, Fernando Santiago, contou que havia um grupo dentro do PCC que lidava, exclusivamente, com a máfia italiana.


"Vincenzo era responsável por lidar com os interesses da sua organização criminosa, que era a 'Ndrangheta. Acontece que a 'Ndrangheta negociava diretamente com o Primeiro Comando da Capital, e o setor responsável do PCC para lidar com organizações criminosas estrangeiras que adquirem a cocaína era justamente a Sintonia do Tomate", afirma Fernando Santiago, delegado de polícia - Denarc SP.


Os policiais chegaram a fotografar Vincenzo e a mulher dele em imóveis em São Paulo. Na garagem de um dos prédios onde Vincenzo ficava, a polícia paulista encontrou um carro que, dias antes, teria sido usado para pegar drogas no Guarujá, na Baixada Santista.


A expectativa agora é que a delação de Vincenzo às autoridades italianas possa ajudar as investigações no Brasil.


“Ele, com toda certeza, sabe de informações que são muito úteis para as autoridades brasileiras, e informações essas que a gente ainda não tem conhecimento, como, por exemplo, as pessoas que naquele grupo criminoso eram responsáveis por enviar essas cargas de cocaína. A gente poderá, através dessa delação, saber mais detalhes que não foram identificados na investigação”, afirma Fernando Santiago, delegado de Polícia Denarc.


Fonte: G1 / Jornal Nacional


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