(*) Percival Puginna
Já
não falo nas liberdades perdidas nem na privacidade entregue à rabugice de uns
e à sabujice de outros. Já não falo das leis construídas longe da
representatividade dos parlamentos nem dos parlamentos flácidos de uma
sociedade exangue. Falo de uma nação que, consciente da falta de alternativas,
parece aceitar seu destino, capturada por uma rede como lambari de córrego. Já
não se comove nem move. E como já sequer lembra o que foi, sequer sabe o que é.
Comecei
este texto assim, falando do que me vai na alma, para chegar à falta de
representatividade que asfixiou a democracia brasileira, cujas “décadas de
estabilidade” contadas da Constituinte de 1989 são festejadas pelos senhores
que manejam a rede.
A
“democracia brasileira” é uma democracia de palanques e encenações com
convidados, coquetéis e jantares, privilégios, sortilégios e sacrilégios. Tem
mais partidos do que ideias, mais cargos do que funções. É sem povo porque o
povo está na avenida e a avenida está tarrafeada. No Brasil desta década
triste, o povo não tem querer e fala a ouvidos surdos. É a democracia da
amnésia, do olvido – o eleitor esquece em quem votou e o eleito esquece os
deveres que tem e quem o elegeu. Mandato tornou-se patrimônio político
amplamente conversível em patrimônio material. O sistema de votação exige um
ato de fé em quem suscita mais temor que confiança. De onde vier um sopro de
esperança, ali aparece a rede.
Capturado,
o eleitor olha súplice para o Congresso Nacional. Ali, pouco mais de uma
centena de bravos encara com coragem as malhas que a tudo envolvem. A situação
é curiosa pois o governo e a oposição são minoritários. O centrão faz a maioria
para onde soam as moedas. Cada caso tem sua cotação e a nação paga por acordos
que não resgatam sua liberdade.
Agora
mesmo, a presidência da Câmara dos Deputados, onde quem sentar preservará o
poder de decidir sobre o que será votado e o que será engavetado, tem três
candidatos viáveis – dois baianos e um paraibano. Você entendeu, não? Nenhum
candidato do sudeste, do centro-oeste ou do sul terá votos necessários para
substituir o alagoano Arthur Lira. Esta é outra face da hegemonia.
Rogo
aos céus que em 6 de outubro o eleitor tenha em mente a situação nacional ao
atribuir poder político a 5.570 prefeitos e a 60.300 vereadores. E que os
eleitos cumpram seu papel como líderes de suas comunidades amantes da
Liberdade, da Democracia e do bom Estado de Direito.
(*)
Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do
Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e
em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara,
Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma
centena de jornais.
se
subjuga é um Senado covarde. Não permitiremos. Nós devemos cumprir nosso papel
de solucionar problemas através da nossa capacidade e dever de legislar.” Foi o
que não se viu. Agora, dentro de poucos meses, salvo surpresa, Pacheco
devolverá a Davi Alcolumbre, senador pelo Amapá, a cadeira e as gavetas que
dele recebeu em 2021.
Rogo
aos céus que em 6 de outubro o eleitor tenha em mente a situação nacional ao
atribuir poder político a 5.570 prefeitos e a 60.300 vereadores. E que os
eleitos cumpram seu papel como líderes de suas comunidades amantes da
Liberdade, da Democracia e do bom Estado de Direito.
(*)
Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do
Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e
em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara,
Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma
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