O
Hezbollah anunciou neste sábado (28) que seu líder, Hassan Nasrallah, morreu em
um bombardeio israelense próximo a Beirute, um duro golpe para o movimento
islamista libanês pró-Irã, que gerou condenações na região e ameaças de
represálias contra Israel.
Para
Israel, a morte de Nasrallah constitui uma grande vitória diante de seu
arqui-inimigo Irã e seus aliados na região. O primeiro-ministro israelense,
Benjamin Netanyahu, afirmou que se trata de um “ponto de virada histórico” na
luta de seu país contra seus “inimigos”.
“Acertamos
nossas contas com o responsável pelo assassinato de inúmeros israelenses e
muitos cidadãos de outros países, incluindo centenas de americanos e dezenas de
franceses”, disse Netanyahu, que advertiu que seguirá “atingindo” seus
inimigos.
A
morte na sexta-feira de Nasrallah, considerado o homem mais poderoso do Líbano,
aumenta o risco de desestabilização do país e do Oriente Médio, quase um ano
após a explosão da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas.
“Sayed
Hassan Nasrallah se uniu a seus companheiros mártires (…) cuja marcha liderou
durante quase 30 anos”, anunciou o Hezbollah, quase 20 horas após o bombardeio
israelense e depois de Israel informar sobre a eliminação do dirigente.
Segundo
um comunicado militar israelense, Ali Karaki, apresentado como o comandante da
frente sul do Hezbollah, e outros dirigentes do movimento morreram ao lado de
Nasrallah na operação que recebeu o nome “Nova Ordem”. Uma fonte próxima ao
Hezbollah confirmou a morte de Karaki.
O
general Abbas Nilforoushan, do alto escalão da Guarda Revolucionária, o
exército ideológico do Irã, também morreu no ataque, informou a agência oficial
iraniana IRNA.
–
“Uma medida de justiça”, diz EUA –
“Nasrallah
era um dos maiores inimigos de todos os tempos do Estado de Israel (…). Sua
eliminação torna o mundo um lugar mais seguro”, afirmou o porta-voz do Exército
israelense, Daniel Hagari.
O
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a morte de Nasrallah era
uma “medida de justiça para suas muitas vítimas, incluindo milhares de americanos,
israelenses e civis libaneses”.
Hassan
Nasrallah, de 64 anos, era venerado entre a comunidade xiita no Líbano. Líder
do Hezbollah desde 1992, ele vivia escondido e fez raras aparições públicas nos
últimos anos.
Após
o anúncio da morte, gritos de indignação foram ouvidos em vários bairros de
Beirute que abrigam os deslocados das áreas xiitas, e o Líbano decretou três
dias de luto.
“Não
posso descrever a comoção que este anúncio me provoca”, disse Maha Karit, uma residente
de Beirute.
O
Irã também decretou três dias de luto, e o primeiro vice-presidente iraniano,
Mohamad Reza Aref, declarou que a morte de Nasrallah provocará “a destruição”
de Israel.
Em
Teerã, uma multidão se reuniu para expressar sua tristeza, e toda a cidade
pendurou faixas com a mensagem “Hezbollah vive”.
Este
grupo islamista, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 por
iniciativa da Guarda Revolucionária do Irã.
–
Êxodo em massa –
O
exército israelense iniciou na segunda-feira uma campanha de bombardeios em
larga escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos na
fronteira com o movimento pró-Irã.
O
Hezbollah abriu uma frente contra Israel no início da guerra em Gaza,
desencadeada pelo ataque contra o território israelense de seu aliado Hamas em
7 de outubro de 2023. Desde então, prometeu continuar “até o fim da agressão
israelense em Gaza”.
Israel
afirma que, com os bombardeios no Líbano, pretende restabelecer a segurança no
norte do país, alvo dos ataques do Hezbollah, e permitir o retorno de dezenas
de milhares de habitantes que foram obrigados a fugir de suas casas.
Do
outro lado da fronteira, mais de 50.000 pessoas fugiram do Líbano para a Síria
devido aos bombardeios israelenses, e “mais de 200.000 estão deslocadas” dentro
do país, segundo a ONU.
A
Rússia, aliada do Irã, condenou o assassinato de Nasrallah e pediu a Israel que
cesse suas operações militares no Líbano.
Para
o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, Israel segue “uma política de
genocídio desde 7 de outubro”, cujo novo objetivo é “o Líbano e o povo
libanês”.
O
grupo islamista palestino Hamas chamou o assassinato de Nasrallah de “ato
terrorista covarde”.
Os
rebeldes huthis do Iêmen afirmaram que a morte do líder do Hezbollah “não será
em vão” e reivindicaram o lançamento de um míssil contra o aeroporto israelense
de Ben Gurion. Mais cedo, as sirenes de alerta soaram no centro de Israel
devido a um projétil disparado do Iêmen.
–
“Ciclo de violência” –
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou estar “profundamente
preocupado” com “a dramática escalada dos acontecimentos em Beirute nas últimas
24 horas”. “Este ciclo de violência deve parar agora”, defendeu.
Diante
dos contínuos bombardeios, as autoridades europeias recomendaram que as
companhias aéreas evitem o espaço aéreo do Líbano e de Israel pelo menos “até
31 de outubro”.
Várias
companhias anunciaram a suspensão dos seus voos para Beirute e Tel Aviv.
Um
ano de confrontos entre Israel e o Hezbollah deixou mais de 1.640 mortes, um
número de vítimas superior ao provocado pela última guerra entre os dois lados
em 2006.
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Revista Isto È
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