(*) Valter Bernat
Acendeu
um alerta no Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa do
Bolsa Família. O Banco Central (Bacen) divulgou uma nota técnica (adoro este
termo) que, a princípio, nada tinha a ver com o Bolsa Família, pois era apenas
uma nota trazendo o perfil de quem joga em Casas de Apostas (bets) no Brasil.
No
entanto, ali apareceu um dado que impressiona. O Bacen relacionou os CPFs que
fazem transferências via Pix para Casas de Apostas e, depois, cruzou esta lista
com a de CPFs de quem recebe o Bolsa Família: xi… daí, obviamente, apareceu a
relação de quem joga e recebe o Bolsa Família. Sabe quantas pessoas? 5 milhões
de pessoas, ou seja, existem 5 milhões de pessoas que são beneficiários do
Bolsa Família e jogam em bets.
Considerando
que o Bolsa Família tem 20 milhões de beneficiários e 5 milhões destes estão
jogando, quer dizer que 1 em cada 4 está jogando. Quando este número
escandaloso foi divulgado, os “plantonistas da pobreza” saíram correndo para
dizer que é preciso proteger as camadas mais desassistidas e agora capturadas
pelos “empresários malvados” das bets. Temos que fazer alguma coisa pra cuidar
dessas pessoas, etc…
Só
que, continuando a leitura da nota do Bacen, vê-se que a conclusão de que “eles
são uns coitadinhos”, é esfarrapada. As 5 milhões de pessoas que recebem Bolsa
Família, gastaram em apostas, apenas no mês de agosto, 3 bilhões de reais!!!
Não se assustem. Não está errado. São 3bi mesmo. Numa simples conta matemática
de primeiro grau, vemos que: se 5 milhões de pessoas gastaram 3 bilhões de
reais, quer dizer que o gasto médio de cada uma delas foi, no mês passado, de
600 reais em bets.
A
pergunta que não quer calar é: você conhece alguém de sua relação que gasta,
mensalmente, 600 reais em jogo? Eu não conheço, mas dentre os beneficiários
deste programa do governo tem 5 milhões de beneficiários fazendo isso. Outra
constatação: o benefício médio do programa é de pouco mais de 680 reais. Como
uma pessoa que recebe 680 reais, pode jogar 600 numa bet?
De
duas, uma: ou o Bacen errou o dado (pouco provável) ou temos um ralo no sistema
de pagamento de benefícios que está favorecendo estas 5 milhões de pessoas que,
com certeza, não falaram a verdade sobre a renda delas para poder receber o
benefício. Certamente elas têm outras rendas. É gente que trabalha, tem um
rendimento, mas faz tudo isso por fora pra não deixar de receber o Bolsa
Família… mas jogam!!!
Minha
filha procurando secretária do lar, encontrou este problema. Diversas
candidatas – não só uma ou duas, mais a maioria – queriam trabalhar e tinham
referências, mas não queriam que ela assinasse a carteira porque perderiam o
Bolsa Família. Minha filha ainda está tentando achar uma que não receba este
benefício e esteja disposta a trabalhar com carteira assinada. Antigamente, a
carteira assinada era o nirvana para qualquer pessoa desempregada.
As
conferências e “limpezas” do Bolsa Família sempre descartam alguns
beneficiários, mas nunca nada chegou a este patamar.
Estas
5 milhões de pessoas deveriam ter seu benefício, automaticamente, cancelados,
aguardando uma explicação convincente dos mesmos aos órgãos de controle para,
só então, voltar a receber o Bolsa Família.
Lula
afirmou que pretende trocar o titular do programa cujo CPF esteja em bets,
dizendo que passará do marido para a mulher, ou vice-versa. E aqueles que não
forem casados? Claro que isso não funcionará, porque o marido, na grande
maioria dos casos, é que continuará administrando os valores recebidos pelo
Bolsa Família, daí continuará apostando.
Lula
também pediu ao Ministro de Desenvolvimento Social – Wellington Dias – que
viabilizasse medidas para reduzir o risco de endividamento dos mais vulneráveis
em bets. Inicialmente, vai impediu a utilização de cartão de crédito nessas
Casas, além de bloquear a função débito do cartão do Bolsa Família. Opa, isso é
permitido? Usar o cartão de um programa de distribuição de renda do governo
para apostas, diretamente do cartão respectivo?
Segundo
o governo, o dinheiro dos programas sociais deve ser usado para superação da
insegurança alimentar, combatendo a fome, logo, como é possível usá-lo em
locais não destinados a este fim? Foi criado um “Grupo de trabalho” – sinônimo
de que não se vai resolver nada – com o intuito de bloquear qualquer CPF
inscrito no Cadastro Único de usar este CPF em bets.
Enfim, o Bacen, atirou no que viu e acertou o que não viu!!!
(*) Advogado, analista de TI e editor do site O Boletim
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