Bebê de 8 meses retirada do próprio velório em SC após mexer mão havia sido diagnosticada com virose

 

Foto reprodução internet/Google

bebê de 8 meses retirada do próprio velório em Correia Pinto, na Serra de Santa Catarina, após mexer a mão havia sido diagnosticada com virose ao ser levada ao hospital, conforme as primeiras informações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A causa da morte informada aos pais seria diferente da que consta na declaração do óbito (leia mais abaixo).


MPSC pediu às polícias Civil e Científica que investiguem o caso. O g1 entrou em contato com esses dois órgãos, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.


A morte da bebê foi declarada pelo hospital por volta das 3h de sábado (19), e o velório da menina começou naquela manhã. Porém, por volta das 18h, pessoas que estavam presentes perceberam que a criança demonstrava alguns sinais vitais, e ela foi levada de volta ao hospital, que novamente constatou o óbito.


Cristiano Santos, pai da menina, conversou com o g1. "A gente já estava, digamos, bastante transtornado. Aí, surgiu um pouquinho de esperança ali e acabou acontecendo tudo isso", lamentou.


Relato dos pais


O MPSC divulgou que o pai da bebê relatou que a levou no hospital na noite de quinta (17) e o médico a diagnosticou com uma virose. Foi aplicado soro, foram receitados remédios e a paciente foi liberada.


Porém, a menina voltou a passar mal na madrugada de sábado e foi levada de volta ao hospital, onde o mesmo médico constatou o óbito, por volta das 3h daquele dia.


O profissional disse à família que a causa da morte foi asfixia por vômito. Contudo, na declaração de óbito consta desidratação e infecção intestinal bacteriana.


O que aconteceu no velório


Segundo o MPSC, durante a cerimônia, familiares teriam notado que a temperatura corporal da criança se mantinha e que não havia rigidez no corpo, além de terem tido a sensação de que a menina mexia os braços e as mãos dentro do caixão.


O Corpo de Bombeiros Militar foi chamado perto das 19h. Conforme a corporação, ao chegarem ao local do velório, havia um farmacêutico que usava um oxímetro infantil e verificou sinais de saturação de oxigênio e batimentos cardíacos na criança. Isso foi checado também com uso de estetoscópio.


Segundo os bombeiros, os batimentos eram fracos. Além disso, a corporação fez um teste nas pernas da bebê, e elas não apresentavam rigidez.


Com esses sinais, a criança foi levada ao hospital. Conforme os bombeiros, ao chegarem lá, foram feitos novos testes, que apontaram saturação de oxigênio de 84% e frequência cardíaca de 71 batimentos cardíacos por minuto.


Em seguida, foi feito exame de eletrocardiograma, que não detectou sinais elétricos e foi constatada a morte da criança. A bebê permaneceu no hospital até a realização de perícia para a elaboração de laudo. O enterro ocorreu neste domingo (20).


O que pede o MP


O Ministério Público pede especial atenção ao exame cadavérico para constatar o horário e as causas da morte. Além disso, solicitou o prontuário médico da menina e os depoimentos do médico, dos pais e de testemunhas, sobretudo dos bombeiros e das conselheiras tutelares que atenderam o caso.


O órgão disse que acompanhará a investigação para verificar se, em algum momento, desde o primeiro atendimento médico, houve negligência em relação à vida da criança por qualquer um dos envolvidos.


O promotor de Justiça Marcus Vinicius dos Santos explicou que é importante a investigação, pois os bombeiros também encontraram na menina sinais compatíveis com a morte.


"É precipitado, no momento, tirar qualquer conclusão sobre o caso antes da realização dos laudos, mesmo porque, apesar da presença de poucos batimentos cardíacos até o retorno da criança ao hospital, os bombeiros também constataram outros sinais compatíveis com a morte, como pupilas dilatadas e não reagentes e arroxeamento em algumas partes do corpo", disse o promotor.


A expectativa é de que o laudo cadavérico fique pronto no prazo de um mês.


O que diz o hospital


A menina foi atendida na Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli. A prefeitura se manifestou por nota.


De acordo com o município, inicialmente a bebê deu entrada no hospital por volta das 3h de sábado. "O atendimento foi realizado pela equipe plantonista, que constatou o óbito da criança", conforme a nota.


Porém, por volta das 19h, a criança foi novamente levada ao hospital, desta vez pelos bombeiros, com relato de sinais de saturação de oxigênio. "A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito", continuou a nota.


Diante da situação, a diretoria do hospital chamou a Polícia Científica, "que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo no prazo de aproximadamente 30 dias" (confira a nota na íntegra abaixo).


O que diz a funerária


Áureo Arruda Ramos, proprietário da Funerária São José, conversou com o g1 sobre o que ocorreu no velório. Ele disse que foi chamado por volta das 4h20 de sábado.


"A gente recebeu atestado de óbito do médico, doutor me passou. Lá a gente passa na porteira do hospital, faz o protocolo de recebimento da D.O. [declaração de óbito], assina o nome do agente funerário, nome de quem retirou, o nome da criança e o nome da funerária que recebeu isso e levamos para a funerária", relatou.


"A família foi em casa buscar roupa. Trouxeram a roupa, deu um banho nela. Não tem a mesma preparação de um adulto. Vestiu a roupa, colocamos na urna. Por volta de 6h15 mais ou menos o corpinho estava pronto. Foram chamar a avó da bebê, que mora próximo do interior. Ficamos com a bebê. O velório começou 7h".


Ramos já atendia a outro óbito na tarde de sábado, na cidade vizinha de Lages, quando foi chamado novamente ao velório da bebê, por volta das 18h.


"Eu recebi uma ligação quando estava próximo a Correia Pinto dizendo que achavam que a bebê estava viva porque puxava a mãozinha do bebê. Parece que o bebê puxava uma mão, apertava a mão".


Ele orientou que a família chamasse os bombeiros ou algum médico do hospital que fez a declaração de óbito da criança e os socorristas foram acionados.


Nota da Prefeitura de Correia Pinto


Confira abaixo a nota completa da prefeitura.


NOTA DE ESCLARECIMENTO


A Prefeitura de Correia Pinto, por meio da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, se solidariza com a familia de Kiara Crislayne de Moura dos Santos neste momento de dor e esclarece que a paciente deu entrada no hospital por volta das 3 horas do dia 19 de outubro de 2024. O atendimento foi realizado pela equipe plantonista, que constatou o óbito da criança.


Mais tarde no mesmo dia, por volta das 19 horas, a criança foi novamente trazida ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Municipal, com relato de sinais de saturação. A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito.


Diante dessa situação, a Diretora Geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli prontamente acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo no prazo de aproximadamente 30 dias.


A Prefeitura de Correia Pinto reitera o seu compromisso em proporcionar o melhor atendimento para todos os cidadãos, e reforça que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente. Além disso, todos os profissionais de saúde são constantemente orientados e treinados, garantindo que a vida e o bem-estar das pessoas sejam sempre a prioridade.


Movimentos involuntários


O pediatra João Guilherme Bezerra Alves explicou que parece possível que um bebê, ou qualquer pessoa, tenha movimentos involuntários após a morte.


“Esses movimentos podem ocorrer devido à atividade residual nos músculos, como espasmos, contrações musculares ou liberação de gases. No caso de bebês, cujos músculos e sistema nervoso ainda podem estar mais reativos, esses espasmos podem ser mais perceptíveis”.


Ele esclareceu: “Esses movimentos, chamados de rigor mortis ou espasmos cadavéricos, são causados por reações químicas nos músculos que ainda ocorrem por um curto período após a morte, antes que o corpo entre em um estado de rigidez”.


Ele destacou, contudo, que essas situações não querem necessariamente dizer que a pessoa não está morta.


“É importante notar que, embora possa parecer que o corpo esteja se movendo, esses movimentos são puramente reflexos involuntários e não indicam qualquer sinal de vida”.

 

G1- Santa Catarina


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