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O Brasil não terá horário de verão em 2024. A decisão do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, veio depois de dez reuniões entre o ministério e órgãos ligados à energia, entre eles o Operador Nacional do Sistema (ONS). Apesar da decisão, Silveira reiterou diversas vezes na entrevista coletiva que concedeu na tarde desta quarta-feira (16) que a política pública não está descartada e voltará a ser debatida para 2025.
“Nós
temos condições de chegar depois do verão e avaliar a volta dessa política para
2025. E quando eu faço esse parentes é para destacar a minha defesa da política
do horário de verão para o país. É importante que ele seja sempre considerado.
Ele não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática e de cunho político, é
uma política que tem reflexos tanto positivos quanto negativos no setor
elétrico e na economia.” destacou Silveira.
Segundo
Silveira, essa é uma medida absolutamente técnica e foi tomada
exclusivamente por ele, não sendo uma decisão política. Silveira disse ainda
que apenas comunicou ao presidente Lula sobre sua decisão. Na ocasião, Silveira
garantiu que “não haverá uma questão estrutural de segurança energética no
país.”
Medidas
Desde
que foi alertado pelo ONS sobre a crise hídrica e a baixa histórica nos
reservatórios do país, Silveira disse que começou uma série de reuniões com o
setor técnico. A partir delas, tomou medidas que preservaram o volume das bacias
e fizeram com que o Brasil chegasse aos dias de hoje com 11% a mais de reserva
hídrica do que o previsto.
Entre
as ações, o ministro destacou a “diminuição da vazão de Jupiá e Porto Primavera
– preservando em 11% os reservatórios brasileiros. Também executamos uma
operação excepcional do reservatório da usina de Belo Monte, semana passada,
para utilização na ponta do sistema.”
O
ministro ainda detalhou.
“Nós
diminuímos a vazão durante o dia para poder assegurar o funcionamento do
sistema no momento que ele é mais exigido — no fim do dia.”
É
quando o sol se põe e a energia térmica é mais demandada.
Seca
histórica
Na
coletiva, o ministro Alexandre Silveira disse ainda que dados do Centro
Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) mostram que
este ano o Brasil viveu a maior seca da história desde 1950 — quando as
medições começaram a ser feitas.
Para
o advogado civilista, especializado em Direito do Consumidor, Kevin de Sousa, a
escassez de chuvas e os eventos climáticos extremos no Brasil têm gerado um
impacto direto no custo da produção de energia, especialmente nas usinas
hidrelétricas, que operam com níveis baixíssimos de água.
“Isso
força o acionamento de termelétricas, elevando os custos para os consumidores.
Sob a ótica do direito do consumidor, a continuidade do fornecimento de energia
a preços justos está sendo comprometida”, afirma o especialista.
Por
que voltar com o horário de verão?
A
possibilidade da volta do horário de verão — suspenso desde 2019 pelo então
presidente Bolsonaro — foi motivada pela crise hídrica que o Brasil vem
enfrentando nos últimos meses. Mas com a volta do período de chuva e a
expectativa de bacias hidrográficas chegando ao nível desejado, a ideia foi
perdendo o sentido.
Pressão
contra a retomada da medida não faltou. Manifestações vieram de todos os lados.
O setor aéreo disse que precisava de pelo menos seis meses para organizar a
malha viária antes do horário sofrer a mudança. E um grupo de cientistas
assinou um manifesto afirmando que o horário de verão traria mais prejuízos à
saúde do que benefícios econômicos aos pais.
Um
dos poucos setores que foi favorável ao retorno do horário de verão foi o de
bares e restaurantes, que afirmou que a medida seria benéfica. Com mais horas
de claridade, as pessoas saem mais para happy hours e acabam ficando mais tempo
na rua.
Para
o advogado Kevin de Sousa, embora o foco da decisão seja a gestão energética, é
preciso lembrar que a ausência do horário de verão também impacta outros
setores econômicos que dependem do fluxo de pessoas durante o período de luz do
dia, como o comércio e o setor de lazer.
“A
retirada dessa política pode reduzir o tempo de permanência de consumidores
nesses estabelecimentos, afetando diretamente o faturamento. Esses efeitos indiretos
repercutem nos consumidores finais, que podem enfrentar preços mais altos ou
uma menor disponibilidade de promoções e serviços em razão do impacto econômico
sofrido por esses setores.”
Com
a decisão do ministro Alexandre Silveira, tudo fica como está e não haverá
adiantamento dos relógios.
Fonte: Brasil 61
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