(*)
Taciano Medrado
A
conquista de uma eleição é, sem dúvida, um momento de intensa euforia. Para o
candidato eleito, há uma sensação de missão cumprida, a recompensa por meses –
ou até anos – de planejamento, esforço e dedicação. Ao lado de sua equipe e
apoiadores, o vencedor celebra, agradece aos eleitores e vislumbra o futuro com
otimismo. Afinal, a campanha, repleta de promessas e compromissos, foi uma fase
exaustiva, marcada pelo diálogo com a população, pela defesa de ideias e pela
construção de um projeto político que atraiu votos.
Efemeridade da vitória
No entanto, a euforia da vitória é efêmera. Após o período de comemoração, inicia-se uma nova fase, muitas vezes mais desafiadora do que a própria campanha: a fase de cumprir as promessas. O eleitor, que até então enxergava no candidato a solução para seus problemas, agora passa a ser mais crítico, atento e, em muitos casos, impaciente.
O momento da cobrança
O
entusiasmo da campanha e o regozijo pela vitória de vereadores e prefeitos, tem
dias contados e a partir de 01 de janeiro de 2025 se transformaram rapidamente
em cobrança. O discurso que mobilizou as massas precisa, agora, se traduzir em
ações concretas, sob pena de ser enquadrado como estelionato eleitora ou engodo.
Esse
momento é crucial para o político recém-eleito. A capacidade de transformar
suas promessas em realizações palpáveis é o que determinará seu sucesso a longo
prazo. Muitos eleitores acompanham de perto o início do mandato, esperando que
as mudanças prometidas comecem a acontecer logo nos primeiros meses. No
entanto, como sabemos, a realidade da administração pública é muitas vezes mais
complexa do que o candidato, e até mesmo o eleitor, imaginava. Questões
burocráticas, limitações orçamentárias e resistências políticas são obstáculos
comuns que podem atrasar a implementação de propostas.
Apesar
dessas dificuldades, é fundamental que o eleito mantenha transparência e
diálogo com a população. Explicar os desafios enfrentados, as etapas que estão
sendo cumpridas e manter os canais de comunicação abertos são formas de
diminuir a insatisfação e fortalecer a confiança entre o eleitorado. Quando as
promessas não podem ser cumpridas no prazo esperado, o importante é mostrar que
o trabalho está em andamento e que há um esforço real para alcançar os
resultados esperados.
Cobrar é uma obrigação e um direito constitucional do eleitor
A
cobrança das promessas feitas em campanha é parte do processo democrático. O
eleitor tem o direito – e o dever – de fiscalizar as ações de seus
representantes. E, por outro lado, o político tem a responsabilidade de honrar
o que foi dito durante a campanha. Um mandato bem-sucedido não é aquele que
apenas acumula votos, mas sim aquele que, ao longo de quatro anos, consegue
transformar as promessas em conquistas reais para a população.
linha tênue entre o sucesso e o fracasso
A
linha tênue entre prometer mudanças e exagerar no otimismo é crucial. Uma
promessa bem-feita pode gerar esperança, mas, se feita em excesso ou sem bases
reais, pode se transformar em cobrança severa mais tarde. O equilíbrio, ou a
falta dele, entre o que se promete e o que se consegue cumprir, muitas vezes
decide o destino político de alguém.
O
caminho da vitória até a satisfação plena dos eleitores é longo e cheio de
desafios. Mas, quando o político se compromete a trabalhar com honestidade,
dedicação e compromisso, a jornada pode ser gratificante, tanto para ele quanto
para aqueles que o elegeram. E, ao final de um mandato transparente e
produtivo, a mesma população que um dia cobrou com veemência, poderá reconhecer
o esforço e renovar sua confiança para novos desafios.
(*) Professor e analista político
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