A juíza Maria de Fátima Ramalho, da 64ª Zona Eleitoral de João Pessoa, mandou soltar a primeira-dama Maria Lauremília Lucena, mulher do prefeito Cícero Lucena (PP), e sua assessora Tereza Cristina, investigadas por suposta ligação com um esquema de coação ‘violenta’ de eleitores em troca de apoio político. Em despacho assinado nesta terça, 1º, a magistrada substituiu a prisão de Lauremília e de Tereza por medidas cautelares alternativas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
A reportagem do Estadão pediu manifestação
da defesa, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está
aberto.
No
dia da prisão de Lauremília, a campanha de Cícero Lucena disse que a operação
era “ataque covarde e brutal”, supostamente arquitetado por adversários
políticos.
Além
de uso obrigatório de tornozeleira, Lauremília e Tereza estão proibidas de
frequentar repartições da Prefeitura de João Pessoa e também não podem circular
por bairros específicos da capital paraibana. Elas também não podem deixar a
cidade por mais de oito dias sem avisar a Justiça e devem se recolher todas as
noites e nos dias de folga, entre as 20 horas e 6 da manhã.
Lauremília
e Tereza são os alvos principais da mais recente fase da Operação Território
Livre, que investiga o aliciamento violento de eleitores e a infiltração de
organizações criminosas nas eleições municipais. Elas foram capturadas no
sábado, 28, na terceira etapa da ofensiva.
A
avaliação da juíza Maria de Fátima Ramalho é que os requisitos que levaram à
prisão de Lauremília já não estão mais presentes em razão da vedação prevista
na Lei das Eleições. A primeira-dama é investigada por supostamente nomear
pessoas indicadas pela facção Nova Okaida em troca de apoio político, mas a lei
barra qualquer mudança nos quadros públicos nos três meses que antecedem o
pleito.
“Constato
que as investigadas são primárias, possuem residência fixa e ocupação lícita,
além de que, constituindo advogados, demonstram comprometimento com a Justiça,
não contribuindo com a destruição de provas, estas já devidamente coletadas por
ocasião do cumprimento dos mandados de busca e apreensão em suas residências”,
anotou ainda a magistrada.
A
juíza fez referência a um julgamento do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba
que, nesta segunda, 30, revogou a prisão preventiva de uma investigada por
considerar que não havia mais risco de ela interferir nas eleições considerando
que a candidata beneficiada, a vereadora Raissa Lacerda, renunciou ao cargo.
Como
mostrou o Estadão, a Polícia Federal usou citações à primeira-dama de João
Pessoa em diálogos de investigados por coação eleitoral para pedir a prisão
preventiva da mulher do prefeito Cícero Lucena.
Durante
as investigações sobre o apoio da facção criminosa Nova Okaida em troca de
cargos no município, os investigadores encontraram mensagem que avaliam
reveladora. “Estive com Lauremília quinta-feira. O seu vai sair próximo mês.
Tiveram que tirar de uns para colocar em outros.”
A
segunda fase do inquérito prendeu a vereadora Raíssa Lacerda (PSB) e três
assessoras. A parlamentar e uma outra investigada ainda seguem detidas. Na
ocasião, a PF indicou que tinha o objetivo de combater o ‘voto de cabresto’.
Estadão
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