Foram deflagradas operações nos Estados do Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro e Amazonas; Rio lidera, com 126 inquéritos.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
Desde
o início da campanha eleitoral de 2024, em 16 de agosto, a Polícia Federal (PF)
já instaurou 660 inquéritos para apurar crimes eleitorais, conforme informações
do painel de monitoramento da instituição. A maioria das investigações está
centrada em casos de caixa 2, prática que envolve a movimentação de recursos de
campanha sem a devida contabilização, configurando falsidade ideológica
eleitoral. Esses valores, não registrados oficialmente, escapam à fiscalização
da Justiça Eleitoral.
Nas
últimas semanas, a PF realizou diversas apreensões de grandes quantias em
dinheiro ligadas a essas investigações. No dia 30 de setembro, por exemplo,
foram confiscados 790 mil reais em Alagoas e mais de 798 mil reais em Manaus.
No Ceará, quatro operações distintas resultaram na apreensão de 1,6 milhão de
reais em espécie, cujas origens continuam sob investigação.
Nesta
quinta-feira 3, mais quatro operações foram deflagradas em diferentes estados,
como Amazonas, Rio de Janeiro, Sergipe e Rio Grande do Sul, todas focadas no
combate a crimes eleitorais.
Entre
as operações de destaque está a Tupinambarana Liberta, em Manaus, que investiga
uma suposta associação criminosa envolvendo facções e agentes públicos, visando
práticas ilegais para favorecer uma candidatura em Parintins/AM.
No
Rio de Janeiro, a Operação Nômade Eleitoral mira uma organização criminosa que
cooptava eleitores para mudar seus domicílios eleitorais do município de
Santa Cruz para Itaguaí, região metropolitana da capital carioca.
Em
Sergipe, a Operação Listagem apura denúncias de compra de votos em
Lagarto. A investigação foi iniciada a partir de uma requisição do
Ministério Público Eleitoral (MPE), após denúncias de populares, acerca de
supostas movimentações suspeitas de compra de votos em um povoado do município.
Já
em São Borja, no Rio Grande do Sul, a Operação Integridade
Eleitoral investiga a captação ilícita de votos e falsidade ideológica
eleitoral, a partir da cooptação de eleitores mediante distribuição de
vantagens indevidas e não declaração de gastos eleitorais. Ainda há suspeitas
de interferência de facção criminosa no processo eleitoral.
Na
tarde de quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e
apreensão em Sinop/MT, em um endereço vinculado à campanha de um candidato a
prefeito. Durante a operação, foi constatado que, apesar de o local exibir uma
placa de “aluga-se” e ter as cortinas abaixadas, o imóvel funcionava como um
comitê de campanha não oficial. Segundo a PF, os agentes flagraram uma
colaboradora no momento em que realizava o pagamento de 2,5 mil reais em
espécie a uma terceira pessoa, uma prática proibida pela legislação eleitoral,
que veda transações desse tipo para fins de campanha.
Dados
das investigações revelam os principais crimes
Conforme
os dados da Polícia Federal, diversos crimes eleitorais têm sido alvo de
investigação. Entre os mais recorrentes estão:
Compra
de votos: com 100 inquéritos abertos, esse crime lidera a lista e envolve a
troca de benefícios ou dinheiro por votos.
Inscrição
fraudulenta de eleitores: 82 casos investigam fraudes no cadastro eleitoral,
como transferências de domicílio eleitoral sem comprovação de vínculo com o
novo local.
Apropriação
de recursos eleitorais: 75 inquéritos investigam a apropriação indevida de
recursos destinados ao financiamento de campanhas. Esse delito ocorre quando o
candidato ou o administrador financeiro desvia os fundos para proveito pessoal
ou de terceiros.
Difamação
em propaganda eleitoral: 66 investigações apuram ataques pessoais ou
informações falsas usadas com o intuito de prejudicar adversários durante a
campanha.
O
Rio de Janeiro se destaca como o estado com o maior número de investigações,
totalizando 126 inquéritos, dos quais a maioria envolve apropriação de recursos
de campanha. Segundo o Código Eleitoral, essa prática é caracterizada pela
utilização indevida de valores ou bens destinados às campanhas eleitorais.
Outros
estados com números expressivos de investigações incluem Paraná (75
inquéritos), São Paulo (63), Ceará (39) e o Distrito Federal (25).
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