PT tem pior desempenho eleitoral de sua história no Estado de São Paulo


Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

As eleições municipais de 2024 ficarão marcadas para o Partido dos Trabalhadores (PT) como o ano de pior resultado da sigla no Estado de São Paulo, seu berço político. O desempenho do partido, que atualmente governa o País, foi ainda pior que o registrado nas eleições de 2016 e 2020, durante o auge do movimento antipetista e da crise da legenda.

Das 645 cidades paulistas, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou candidaturas próprias em 114 municípios, mas saiu vitorioso em apenas quatro: Mauá, na região do Grande ABC, e Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, no interior. A população total desses municípios soma 507 mil habitantes, representando apenas 1,1% dos mais de 44,4 milhões de residentes do Estado, segundo o Censo 2022.

O número de eleitos em 2024 repete o desempenho de quatro anos atrás, quando quatro dos 137 candidatos petistas em São Paulo venceram as eleições. No entanto, em 2020, o partido governava cidades com uma população total de 1,2 milhão de habitantes — Mauá, Diadema, Araraquara e Matão.

Já em 2016 foram eleitos oito prefeitos de um universo de 103 candidatos do partido — Araraquara, Barra do Chapéu, Cosmópolis, Franco da Rocha, Itapirapuã Paulista, Motuca, Nantes e Rincão —, enquanto em 2012 o PT teve seu melhor desempenho, elegendo 72 prefeitos em todo o Estado, incluindo o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na capital.

Além da redução da população governada, o partido sofreu derrotas simbólicas em várias cidades. Em Araraquara, Edinho Silva, que esteve à frente da prefeitura por dois mandatos e é cotado a assumir a presidência da legenda, não conseguiu emplacar sua sucessora. Dr. Lapena (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), venceu Eliana Honain (PT) e será prefeito da cidade pelos próximos quatro anos.

Já em Diadema, o atual prefeito José Filippi não obteve a reeleição, em um ano marcado pela maior taxa de reeleição da história. Taka Yamauchi (MDB), aliado do prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), venceu com 47,39% dos votos, contra 45,09% de seu adversário.

Além disso, o PT não conseguiu chegar ao segundo turno em cidades onde costumava ter bom desempenho nas urnas, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo. Em Guarulhos, onde Lucas Sanches (PL) foi eleito no segundo turno contra Elói Pietá (Solidariedade), Alencar, candidato petista, ficou em quarto lugar, com 9,67% dos votos.

Em Osasco, onde a eleição foi definida ainda no primeiro turno com vitória de Gerson Pessoa (Podemos), Emídio de Souza ficou em segundo, com 15,07% dos votos. Em São Bernardo do Campo, o petista Luiz Fernando ficou em terceiro lugar, com 23,09% dos votos. Por lá, Marcelo Lima (Podemos) venceu Alex Manente (Cidadania) no segundo turno.

Na Grande São Paulo, a única vitória do PT foi em Mauá, onde Marcelo Oliveira foi reeleito com 45,13% dos votos, vencendo Atila (União) no segundo turno. Em 2008, quando elegeu 60 candidatos no Estado, o partido venceu em 11 cidades da região. Quatro anos depois, caiu para seis. Em 2016, despencou para uma e, quatro anos atrás, os petistas venceram em duas cidades.

O desempenho nas urnas frustra a sigla, que esperava eleger de 10 a 15 prefeitos em todo o Estado, além de dobrar a bancada de vereadores, como mostrou a Coluna do Estadão. Nas fileiras petistas, as eleições municipais deste ano eram consideradas uma antessala para a disputa presidencial de 2026.

Estadão

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