O
número de jovens em situação de trabalho infantil no Brasil caiu 14,6% no
último ano e atingiu o seu menor patamar desde 2016, quando o IBGE iniciou a coleta de
dados sobre o assunto.
A
pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (18), aponta que 1,6 milhão de
crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos exerciam trabalho infantil em 2023,
ou seja, 4,2% do total dos jovens nessa faixa etária no país (38,3 milhões).
Em
2022, esse
percentual era de quase 5%. Na época, pela primeira vez, o número
representou um aumento em relação ao ano anterior do estudo, 2019, após três
anos consecutivos de queda. (veja o gráfico abaixo)
Em
2020 e 2021, esses dados não foram coletados na Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) Contínua por causa da pandemia de Covid-19.
“A
gente sabe que, [no período de pandemia], o mercado de trabalho foi muito
afetado. Houve uma queda importante na população ocupada, o que pode ter
comprometido a renda familiar” e contribuído para o crescimento do trabalho
infantil em 2022, destaca Gustavo Geaquinto Fontes, analista do IBGE.
Já
2023 foi um ano favorável para o mercado de trabalho, observa. O
desemprego diminuiu e o rendimento médio das famílias aumentou, mostram
dados do instituto.
Para
o analista, essa situação, aliada às políticas públicas para mitigar o trabalho
infantil no país, ajudam a explicar a queda nos indicadores.
Mas,
o que é trabalho infantil? Nem todas as crianças que realizam atividades
econômicas ou para autoconsumo (como pesca, criação de animais, etc) se
enquadram na situação de trabalho infantil.
Para
isso, ele precisa ser “perigoso e prejudicial para a saúde e
desenvolvimento mental, físico, social ou moral das crianças” ou interferir na
escolarização, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A
classificação também é diferente de acordo com a faixa etária dos jovens. Para
crianças de até 13 anos, qualquer forma de trabalho é proibida. Adolescentes de
14 e 15 anos só podem atuar na condição de aprendiz.
Já
jovens de 16 e 17 estão autorizados a trabalhar com carteira assinada, mas
nunca em atividades insalubres, perigosas ou em horário noturno.
Tipos
de atividade
Quase
metade dos menores em situação de trabalho infantil no Brasil atuam no comércio
ou com a reparação de veículos (26,7%) e em atividades como agricultura,
pesca e pecuária (21,6%). Outros serviços comuns são relacionados a alojamento
e alimentação (12,6%), na indústria (11%) e domésticos (6,5%).
A
pesquisa do IBGE também aponta o número de jovens que exercem as “piores
formas de trabalho infantil” no país. São atividades descritas na Lista
TIP, do governo federal, que geralmente envolvem risco de acidentes ou são
prejudiciais à saúde.
A relação inclui trabalho na construção civil, em matadouros, comércio ambulante em locais públicos, coleta de lixo, venda de bebidas alcoólicas, entre outras atividades.
Em
2023, o número de jovens que realizam esses serviços também foi o menor da
série histórica do IBGE. A redução foi de 22,5% frente ao ano anterior.
Apesar
disso, a situação ainda atinge 586 mil jovens no Brasil, e é mais
frequente entre os mais novos.
De
acordo com a pesquisa, 65,7% das crianças de 5 a 13 anos que realizam atividades
econômicas exercem ocupações da lista TIP. No grupo de 14 e 15 anos, esse
percentual é de 55,7%, e no de 16 e 17 anos, de 34,1%.
Situação
por raça e gênero
Quase
dois terços (65,2%) das crianças e adolescentes em situação de trabalho
infantil são pretos ou pardos, aponta o IBGE. O percentual é maior do que
a proporção deste grupo no total de jovens desta faixa etária no país (59,3%).
O mesmo acontece no recorte de gênero. Crianças do sexo masculino são 51,2% do total de jovens de 5 a 17 anos no Brasil, mas chegam a 63,8% entre os trabalhadores infantis.
A
diferença é ainda maior ao analisar os menores que atuam nas piores formas de
trabalho infantil: 76,4% são homens, e 67,5% são pretos ou pardos.
Renda
média
No geral, o rendimento médio das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, que realizam atividades econômicas, é de aproximadamente R$ 771 por mês. Esse valor aumenta conforme a idade e o número de horas trabalhadas. (
Lembrando
que 63% das crianças mais novas, de até 13 anos, em situação de trabalho
infantil realizam apenas produção para consumo próprio. E, ainda, entre aquelas
que exercem atividades econômicas, o predomínio é de trabalhadores
familiares auxiliares (58,5%), ou seja, que não recebem remuneração
direta, mas ajudam no negócio da família.
A
média entre os jovens de 5 a 17 anos que trabalham, mas não estão
enquadrados na situação de trabalho infantil, é de R$ 1.074.
Estudo
vs. trabalho
Os
números do IBGE mostram ainda que quase todas as crianças de 5 a 13 anos no
Brasil (99%) estão na escola, independentemente de exercerem trabalho infantil
ou não.
No
entanto, a frequência escolar diminui conforme a idade avança, principalmente
entre os jovens que trabalham.
Na
faixa etária de 14 e 15 anos, 98,3% dos jovens brasileiros estudam, mas esse
percentual cai para 94% dentro do grupo dos que estão em situação de trabalho
infantil.
Do
total de jovens de 16 e 17 anos, por sua vez, 90% estão na escola. Entre
os trabalhadores infantis, os estudantes são 81,8%.
Fonte: G1 - Economia
Não deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para mais notícias do Blog do professor TM
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário