(*) Taciano Medrado
O 15 de novembro, marco da Proclamação da República no Brasil, é tradicionalmente associado à celebração de um novo ciclo político, o fim do regime monárquico e a instauração de um governo republicano. Contudo, mais de um século depois, a pergunta persiste: estamos comemorando de fato a independência ou reafirmando nossas "dependências"?
A Proclamação trouxe mudanças estruturais no papel do Estado e na relação com o povo, mas não solucionou de imediato as desigualdades e as fragilidades políticas e sociais do país. Muitos dos problemas enfrentados no período monárquico, como a concentração de renda, a exclusão social e a ausência de participação popular efetiva, apenas se reconfiguraram na República. Em vez de depender de um imperador, passamos a depender de um sistema que nem sempre garantiu plena representatividade e justiça.
Na prática, a transição não foi conduzida por movimentos populares, mas por elites políticas e militares. O povo, em sua maioria, foi espectador, sem espaço para decidir os rumos da nação. Até hoje, essa dependência de decisões centralizadas e de uma elite política que nem sempre representa os anseios coletivos é motivo de debate.
Mais recentemente, a democracia brasileira enfrentou desafios que expuseram sua fragilidade. Dependemos de um sistema eleitoral confiável, de instituições sólidas e de governantes comprometidos com o interesse público. Mas essa dependência só será positiva se os cidadãos se mantiverem atentos e participativos, reivindicando mudanças estruturais que combatam a corrupção e promovam maior inclusão.
Portanto, o 15 de novembro deve ser um dia de reflexão. Comemoramos avanços inegáveis, como o fortalecimento de ideais democráticos, mas também precisamos reconhecer nossas dependências históricas. Enquanto não nos emanciparmos verdadeiramente dessas amarras – econômicas, políticas e sociais – a independência republicana será apenas simbólica.
O desafio
do Brasil é transformar a celebração em ação, convertendo
"dependência" em protagonismo e criando um país onde a liberdade e a
igualdade sejam mais do que ideais, mas realidades concretas para todos os
cidadãos.
(*) Professor
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