Agricultores e pecuaristas tem que apreender a viver com aterra, e não apenas dela.

 


(*) Taciano Gustavo Medrado Sobrinho

 

Vou iniciar esse meu artigo citando uma estrofe da canção “Cio da terra” composta por Milton Nascimento (Melodia) e com letra de chico Buarque lançada em 1977. Segundo autor Chico, é "uma canção de trabalho agrário" que Milton compôs inspirado no canto das mulheres camponesas na colheita do algodão do Vale do Rio Doce.


Inspirado nessa canção  de Chico e Milton,  me veio a ideia de escrever sobre o tema: “Agricultores e pecuaristas tem que apreender a viver com aterra, e não apenas dela”.


A terra é fundamental para o desenvolvimento sustentável e para a preservação dos recursos naturais. Vivemos uma realidade em que o solo, a água e a biodiversidade são finitas e essenciais, mas, ainda assim, a exploração excessiva muitas vezes degrada esses recursos, comprometendo a produção no longo prazo e afetando a saúde dos ecossistemas. A frase "viver com a terra, e não apenas nela" resume a ideia de um convívio harmônico e equilibrado, em que a terra não é apenas um meio de produção, mas sim um parceiro que merece cuidado e respeito.


Quando os agricultores e pecuaristas passam a "viver com a terra", eles assumem a responsabilidade de observar e respeitar os ciclos naturais, além de buscar práticas que preservem o solo, a água e a biodiversidade local. Isso significa adotar técnicas que conservem e melhorem as condições do solo, como a rotação de culturas, o uso de adubos orgânicos e a manutenção de cobertura vegetal. Essas práticas, além de protegerem o solo, aumentam a produtividade a longo prazo e reduzem a dependência de insumos químicos, que podem causar poluição e erosão.


Além disso, para os pecuaristas, viver com a terra implica em adotar uma abordagem de manejo sustentável do pasto, como a rotatividade de áreas para evitar o sobrepastoreio. O uso sustentável das pastagens permite que a vegetação se recupere, o que é fundamental para evitar a degradação do solo e o esgotamento dos nutrientes. Com isso, o gado também se torna mais saudável, e a qualidade da produção de carne e leite melhora.


A água é outro recurso crítico. A proteção de nascentes e a adoção de sistemas de irrigação eficiente são exemplos de medidas que mostram o cuidado com o uso desse recurso. Quando os agricultores e pecuaristas entendem a importância de preservar a água, não apenas para suas plantações e rebanhos, mas para toda a comunidade, eles se tornam agentes de uma mudança que beneficia tanto o meio ambiente quanto a sociedade.


No entanto, é preciso lembrar que essas mudanças exigem conhecimento e apoio. A capacitação para o uso de técnicas de agricultura regenerativa e a criação de políticas de incentivo ao manejo sustentável são essenciais para que os produtores possam se adaptar e prosperar. O acesso a tecnologias e a recursos financeiros também são elementos-chave para possibilitar essa transição.


Viver com a terra, e não apenas nela, exige uma mudança de mentalidade e um compromisso com o futuro. Ao cuidarem da terra como um bem valioso, agricultores e pecuaristas garantem não só a continuidade de suas atividades, mas também a qualidade de vida das próximas gerações. Trata-se de um caminho que combina economia e ecologia, em que os ganhos não são apenas individuais, mas coletivos e duradouros.


(*) Professor e Engenheiro Agrônomo


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