Potência econômica da Caatinga é destaque na programação da Semana Nacional de C&T

 


Maior evento de divulgação científica do Brasil, a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que acontece em Brasília até o próximo domingo (10), trouxe neste ano a temática dos biomas brasileiros, suas características e potencialidades para o desenvolvimento do país. Um deles, a Caatinga, que cobre 70% da Região Nordeste, foi lembrado especialmente pela SNCT como polo de produção de conhecimento, matérias-primas e insumos que podem agregar valor às comunidades locais, gerar riqueza e transformar a realidade local, por meio da ciência. Essa é a chamada bioeconomia, uma das prioridades das políticas públicas  do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) nos últimos anos.


Durante um seminário nesta quarta-feira (6), dentro da programação da Semana Nacional de C&T, a professora Márcia Vanusa, da Universidade Federal de Pernambuco, trouxe um desses exemplos ao apresentar os seus estudos com a palmeira do licuri (Syagrus coronata). Colaboradora da Rede Pindorama, que promove o potencial das palmeiras nativas do país, ela acredita que o óleo e o resíduo extraídos dessa planta poderão impulsionar a região em breve. “O licuri possui o ácido láurico, que é um ácido graxo de grande valor na indústria farmacêutica, com poder cicatrizante e anti-inflamatório já muito difundidos pelo conhecimento popular e agora estudados a fundo nos laboratórios”, disse a pesquisadora.


As cooperativas de produção do óleo e do resíduo do licuri – que por sua vez pode ser utilizado na produção de alimentos, tendo alto valor proteico e de fibras – são formadas muitas vezes por populações da Caatinga em situação de vulnerabilidade social. Com essa cadeia produtiva e a consolidação devida das patentes relacionadas ao licuri, as comunidades poderão talvez desfrutar dos benefícios também sociais e econômicos desta planta, chamada popularmente de “ouro da Caatinga”. A professora Márcia Vanusa relatou que “ainda há vários componentes inéditos no licuri e a indústria farmacêutica global ainda não sabe o tanto desse óleo que temos aqui nessa região do Brasil”.


Biodiversidade


Perto do auditório onde a professora demonstrava esses resultados, no pavilhão geral da SNCT, centenas de pessoas passavam pelo estande do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), uma das unidades vinculadas ao MCTI voltada à pesquisa e desenvolvimento de grande parte do Nordeste. Por lá, o público que chega é convidado a participar de um pequeno jogo de perguntas e respostas para compartilhar suas ideias e opiniões sobre a Caatinga.


“Estamos felizes em saber que, por mais que às vezes seja estereotipada pela mídia, a Caatinga é vista pelas pessoas como um território rico em biodiversidade”, afirmou a diretora-substituta do INSA, Inesca Pereira. Ela elogiou o tema da SNCT. “A gente precisa transferir a tecnologia e a inovação para as pessoas desses biomas que precisam disso realmente”, defendeu.


A pesquisadora na área de gestão de projetos do Insa, Jayuri Araújo, destacou algumas das pesquisas atualmente em curso na área da bioeconomia, por meio do instituto. “Atualmente retiramos da Caatinga a matéria-prima para um corante, que pode ser utilizado na indústria têxtil, auxiliamos as cooperativas de leite e derivados, produtos da cadeia da palma e atuamos em apoio à tecnologia de controle de qualidade para produtores de cachaça nordestinos, desde os pequenos até os grandes”, explicou. O estande do Insa também tem informações gerais sobre vegetação e formações naturais da Caatinga, reunindo visitantes de todas as idades até o fim da SNCT.


A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) acontece no Museu Nacional da República e tem entrada gratuita.


Ascom: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação


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