Bora curtir o feriadão?

 


(*) Valter Bernat

 

Criado pelo “prefeito perfeito” do Rio. Desculpem o trava língua, mas ele se acha perfeito e, certamente, será o candidato a governador do Rio em 2026, talvez o único candidato com chances. Se isso é bom ou ruim, não vou discutir agora. É assunto para outro momento.


O feriado municipal, decretado para 18 e 19/11, é devido à realização do evento G20 na cidade. Este evento internacional reúne líderes mundiais para discutir questões globais importantes, e a Prefeitura quer garantir que a população esteja ciente das mudanças que ocorrerão na cidade durante esse período. Com isso, a Prefeitura visa minimizar os impactos no trânsito e na rotina da cidade, além de garantir a segurança dos participantes e dos moradores.


Se eu fosse um microempresário, por exemplo, vendendo comida, meus pedidos serão seriamente prejudicados. O setor de serviços é, sem dúvida o que mais sentirá estes feriados.


Apenas para ficarmos na mesma página, o G20 é um fórum internacional que reúne as 20 principais economias do mundo para discutir e coordenar políticas econômicas globais. O objetivo é Promover crescimento econômico sustentável e inclusivo; fortalecer a governança global; abordar desafios globais, como: mudanças climáticas; desigualdade econômica; segurança energética; saúde global e comércio internacional.


Composição do G20: Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e a União Europeia. No entanto, há nações em desenvolvimento que participam: Chile, Colômbia, Egito, Malásia, Nigéria, Polônia, Tailândia e Vietnã.


Vídeo oficial de apresentação do G20:


Os representantes pessoais dos líderes do G20, responsáveis por preparar e negociar os documentos finais da cúpula são chamados de “Sherpas” porque, assim como os guias nepaleses que ajudam os montanhistas a escalar o Everest, os Sherpas do G20 ajudam os líderes a navegar pelas complexas questões globais e a alcançar acordos.


Ao final, os documentos elaborados durante a reunião de Sherpas servirão de base para que os chefes de Estado possam aprovar ações concretas, incluindo investimentos em áreas chave para o desenvolvimento sustentável e a equidade social. A reunião principal será realizada no Museu de Arte Moderna e qualquer pessoa poderia participar.


O que discuto, evidentemente, não é o G20. É a máscara que estamos tentando mostrar ao mundo de nosso dia a dia. Vivemos encarcerados em nossas casas, porque saindo, corremos riscos de sermos assaltados. Isso ocorre, em maior proporção na zona norte, mas também ocorre na zona sul e na zona oeste.


Sair à noite depende de local de estacionamento, segurança e de que a que horas começa e acaba o evento, porque, dependendo do local onde você mora, você nem pode sair ou chegar depois de determinada hora.


Mas este não é a realidade que o Brasil, e a Prefeitura do Rio, querem mostrar ao mundo. É uma realidade que não é a nossa!


Teremos um contingente policial que não temos em nosso dia a dia, mas deveríamos ter; teremos as Forças Armadas ativas, patrulhando, como não temos normalmente, e, ainda assim, apenas nos locais onde os participantes do G20 passarão ou se reunirão.


Se tivéssemos isso em nosso dia a dia, nossa rotina estaria muito mais segura. Por que não sonhar, não é?


Enfim, para os brasileiros, cariocas no caso, o que se discute no G20 é utopia. No dia seguinte quando eles forem embora, nossa realidade voltará a ser a mesma desde 1982, quando o nosso então governador Brizola, decidiu não deixar a polícia “subir a favela” e há ainda a atual decisão do STF via Edson Fachin, impedindo invasões sem prévio aviso.


Ora, havendo prévio aviso, certamente haverá vazamento da informação de que ocorrerá a operação, permitindo aos líderes, esconderem-se ou saírem da referida comunidade objeto da operação.


Ofício para o MP; ofício para o MPF; ofício para o TJ do Rio e ofício para o STF. Isso expõe a ação e permite, que o efeito surpresa seja “desligado”, como ocorreu, recentemente, no chamado Complexo de Israel, a fim de pegar o líder do CV o Peixão. A informação vazou e ele não estava mais na comunidade e ainda assim, os bandidos atiraram a esmo nos ônibus e carros que passavam, a caminho do trabalho, na Avenida Brasil, com sérias consequências, com morte de civis, obrigando a polícia a suspender a operação.


No G20 o esquema de segurança será de 9 mil militares; a famosa GLO que nada acrescentou na segurança do RJ desde que foi criada. Policiamento ostensivo e preventivo. Isso deveria ser obrigação das forças policiais no nosso dia a dia. A Força Nacional reforçará a segurança com 95 agentes, realizando policiamento ostensivo e preventivo em pontos estratégicos.


Por que em nosso dia a dia no Rio de Janeiro, porta de entrada da maioria dos turistas que chegam ao Brasil, não podemos ter este mesmo esquema, obviamente, com sua extensão à zona norte, tão prejudicada atualmente?

 

(*) Advogado, analista de TI e editor chefe do site O Boletim


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