Não sou do tipo de pessoa que se acovarda e se cala diante dos absurdos e das incoerências que presencia. Mas durante nossa jornada de vida, frequentemente nos deparamos com situações que nos desafiam emocionalmente.
Pode ser uma discussão acalorada, uma ofensa inesperada ou mesmo um ambiente de conflitos ideológicos. Em momentos assim, há um impulso natural de reagir, defender-se ou argumentar, mas há ocasiões em que o melhor a fazer é simplesmente calar-se.
O silêncio, frequentemente subestimado, não é sinônimo de fraqueza ou submissão. Ele pode, na verdade, ser uma forma poderosa de repúdio, uma resposta eloquente que transcende palavras.
Quando escolhemos o silêncio, estamos dizendo algo maior: que não compactuamos com aquilo que está sendo dito ou feito e que nossa energia não será desperdiçada em embates infrutíferos.
Pensemos, por exemplo, nas redes sociais, onde discussões inflamadas acontecem diariamente. Muitas vezes, essas disputas não têm como objetivo chegar a um consenso, mas apenas alimentar egos ou provocar conflitos. Participar desse tipo de diálogo raramente traz resultados positivos. O silêncio, nesse caso, não é passividade, mas uma escolha consciente de preservar a paz interior e não dar palco ao caos.
No campo das relações pessoais, o silêncio também pode ser uma forma de sabedoria. Imagine uma briga familiar ou um desentendimento entre amigos. A vontade de ter a última palavra é tentadora, mas será que isso realmente resolve o problema?
Às vezes, ao invés de alimentarmos a chama da discórdia, é mais prudente pausar, ouvir e esperar o momento certo para dialogar.
O silêncio, nesses contextos, é uma demonstração de maturidade emocional. Ele reflete a capacidade de controlar impulsos, de reconhecer que nem toda batalha merece ser lutada e que há momentos em que o tempo é o melhor aliado.
Além disso, o silêncio pode ser um ato político. Em situações de injustiça ou opressão, recusar-se a reagir de forma esperada ou a cair em provocações é uma forma de resistência. Gandhi, por exemplo, usou o silêncio e a não-violência como ferramentas poderosas para desafiar um império. Ele entendeu que, às vezes, o silêncio fala mais alto do que qualquer discurso inflamado.
Entretanto, é importante diferenciar o silêncio estratégico do silêncio conivente. Ficar em silêncio diante de uma injustiça que podemos e devemos combater não é nobreza, mas omissão. O desafio está em identificar quando o silêncio é a resposta mais digna e quando ele se torna cumplicidade.
Outro ponto relevante é que o silêncio, quando usado de forma consciente, nos permite observar. Quando não estamos preocupados em falar, temos a chance de escutar com mais atenção, perceber nuances e entender as motivações dos outros. Isso nos coloca em uma posição de vantagem, pois a reflexão nos oferece a clareza necessária para agir de maneira mais eficaz.
Por fim, é fundamental lembrar que o silêncio também pode ser uma forma de autopreservação. Nem sempre temos que nos expor ou participar de todas as discussões. Proteger nossa saúde mental e emocional é essencial para mantermos nossa integridade e bem-estar.
Portanto, em certas ocasiões, como forma de repúdio ou de sabedoria, o melhor é se calar. Não por fraqueza, mas porque o silêncio, quando bem usado, é uma das formas mais poderosas de comunicação. Ele não só preserva a paz interior, mas também envia uma mensagem clara: "Eu escolho não ser parte deste ciclo."
E assim, ao escolhermos o silêncio, aprendemos que nem sempre as palavras são necessárias para deixar nossa marca no mundo. Às vezes, o que não dizemos é o que mais nos define.
(*) Professor e psicopedagogo
Não
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