Restando apenas 10 dias para o inicio de nova gestão municipal nos 5.570 municípios (última atualização do IBGE feita em outubro de 2023) espalhados pelo pais, vamos discutir um tema de suma importância para o futuro das nossas cidades: a gestão municipal no período de 2025 a 2028 e a composição de secretariado e assessores, debatendo se esse processo deve ser guiado por critérios políticos ou técnicos.
Nos últimos anos, temos visto uma crescente necessidade de uma administração pública que não apenas promova a eficiência e a eficácia, mas também responda às necessidades reais da população.
Assim, quando pensamos em quem formará as equipes de gestão nas prefeituras nas próximas eleições, somos levados a ponderar sobre a melhor forma de constituir os secretários e assessores: devemos priorizar a visão política ou, ao contrário, buscar a competência técnica?
A composição do secretariado e dos assessores é crucial, pois estes profissionais têm a responsabilidade de implementar as políticas públicas que impactam diretamente a vida da população. Portanto, a escolha desses indivíduos deve ser estratégica. Um secretariado composto apenas por aliados políticos pode ser tentador para garantir apoio na governança, mas será que isso garante a eficácia e a responsabilidade gestão pública?
Historicamente, muitos prefeitos optaram por montar suas equipes baseando-se principalmente em alianças políticas, com o objetivo de garantir estabilidade política. Porém, muitas vezes essa estratégia resultou em ineficiência administrativa e, em alguns casos, até em escândalos de corrupção.
Quando as nomeações são feitas com base em relações pessoais e interesses partidários, corre-se o risco de perder a conexão com as necessidades da população e, mais importante, de não termos profissionais capacitados para executar as demandas do cargo.
Por outro lado, incluir critérios técnicos na escolha do secretariado é essencial. Um gestor que busca profissionais qualificados – independentemente de filiação partidária – está mais propenso a obter resultados positivos. A qualificação técnica, a experiência e o conhecimento são fundamentais para que esses indivíduos possam enfrentar os desafios da administração pública, que se tornaram cada vez mais complexos.
Muitos especialistas em gestão pública defendem que a autonomia dos gestores deve ser respeitada na escolha de suas equipes. Isso significa que o prefeito deve ter a liberdade de escolher secretários que realmente compreendam a dinâmica e as especificidades das áreas sob sua responsabilidade. É através dessa autonomia, aliada a critérios técnicos, que se consegue otimizar a aplicação dos recursos públicos e melhorar o atendimento às necessidades da população.
Um Modelo Híbrido: O Equilíbrio Necessário
No entanto, seria reducionista pensar em uma dicotomia entre os critérios político e técnico. O ideal é que haja um equilíbrio. Em uma gestão municipal eficiente, a política e a técnica podem e devem coexistir. A escolha de um secretário pode ser, sim, influenciada por questões políticas, mas isso não deve ocorrer em detrimento das competências exigidas para o cargo.
Um modelo híbrido, que considere a importância das alianças em um contexto político, mas que privilegie profissionais qualificados, representa um avanço na forma como entendemos e executamos a gestão pública. Para isso, é fundamental que os gestores elaborem critérios claros para a seleção de seus colaboradores, estabelecendo um processo transparente e que valorize a meritocracia.
A Importância da Participação Cidadã
Além disso, é imprescindível envolver a sociedade nesse processo de escolha. Uma gestão que se propõe a ser democrática e inclusiva deve ouvir as demandas e opiniões dos cidadãos. A formação de conselhos comunitários e a realização de audiências públicas podem servir como espaço para que a população participe ativamente da definição dos rumos da gestão municipal.
Essa interação pode ajudar a garantir que as escolhas políticas não sejam feitas de forma isolada, mas sim considerando as vozes dos cidadãos, que são os principais beneficiários das ações de governo. A transparência e a participação social têm o potencial de reforçar a legitimidade da gestão e aumentar a eficiência das políticas públicas implementadas.
Por fim, compreendo que a gestão municipal de 2025 a 2028 deve ser pautada por um modelo que equilibre critérios políticos e técnicos na composição do secretariado e assessores. Reconhecer a importância das alianças políticas é fundamental para uma governança estável, mas isso não deve se sobrepor à necessidade de contar com profissionais capazes, comprometidos e qualificados.
Ao implantar um modelo híbrido e democrático, que valorize a participação cidadã e a transparência, não só se melhora a gestão, mas também se fortalece a relação de confiança entre a população e os gestores públicos. Assim, podemos vislumbrar uma administração mais eficiente, justa e que verdadeiramente atenda às demandas da sociedade.
(*) Professor e analista político
Não
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