(*) Taciano Medrado
Vou iniciar esse meu editorial citando a famosa Teoria de Conservação da Massa, de Lavoisier. Essa lei é um dos princípios fundamentais da química e estabelece que: "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
Inspirado na Teoria citada acima eu criei a minha própria Teoria que se chama: "Teoria da Inércia política" onde preceitua que: "Na política, nada se cria, nada se renova, tudo se repete"
Ao longo da história, a política tem sido palco de grandes discursos, promessas e mudanças aparentes. Porém, ao observarmos mais de perto, muitas vezes percebemos que, no fundo, os atores mudam, mas o roteiro permanece o mesmo.
A frase adaptada de Lavoisier – "Na política, nada se cria, nada se renova, tudo se repete" – captura a essência de um ciclo que parece interminável: o de promessas não cumpridas, reformas adiadas e a perpetuação de velhas práticas sob novas embalagens.
O ciclo das promessas
A cada eleição, assistimos ao desfile de candidatos que se apresentam como salvadores da pátria. A promessa de renovação é quase obrigatória.
Discursos inflamados, palavras como "mudança", "esperança" e "nova era" invadem os palanques e as redes sociais. No entanto, após a vitória, o que geralmente se vê são práticas já conhecidas: alianças políticas que priorizam interesses de grupos específicos, reformas que atendem às elites e a manutenção de privilégios.
Esse padrão não é exclusivo de um país ou sistema político. Da Roma Antiga aos governos modernos, a dinâmica de "vender uma nova política" para, na prática, reproduzir velhos esquemas, é quase uma constante. E, ironicamente, muitas vezes os eleitores também se repetem: esperam mudanças radicais, mas aceitam justificativas e narrativas que mantêm o status quo.
A falsa renovação
Nas últimas décadas, a ideia de renovação política tem ganhado força. Movimentos de jovens políticos, outsiders e partidos "antissistema" surgem com a promessa de romper com o passado. No entanto, com frequência, esses novos atores acabam engolidos pelas estruturas que tanto criticavam.
Por quê?
Porque a política é, acima de tudo, um jogo de poder. E as regras desse jogo não mudam com facilidade. Mesmo aqueles que entram com boas intenções logo percebem que, para sobreviver no tabuleiro, precisam fazer concessões, construir alianças e, em muitos casos, reproduzir práticas que antes condenavam.
A repetição das narrativas
Outro aspecto intrigante da política é a repetição de narrativas. Crises econômicas, escândalos de corrupção, protestos e revoltas populares são apresentados como inéditos, mas raramente o são. Os ciclos de crise e recuperação, de promessas de "limpeza" ética seguidas por novos escândalos, são quase uma marca registrada dos sistemas políticos.
Pensemos, por exemplo, nas grandes reformas prometidas ao longo do tempo: a reforma tributária, a reforma política, a educação como prioridade. Em quase todos os casos, os debates se arrastam por décadas, os discursos se repetem e as mudanças, quando vêm, são paliativas.
O papel do eleitor nesse ciclo
Se a política é um palco onde tudo se repete, cabe perguntar: qual é o papel do eleitor nesse processo? Afinal, é ele quem escolhe os representantes e, em teoria, deveria ser o principal agente de mudança. Porém, muitas vezes o eleitor também está preso a padrões cíclicos: vota por emoção, escolhe candidatos carismáticos em vez de projetos concretos e, frequentemente, esquece de cobrar durante os mandatos.
Isso cria um círculo vicioso. Os políticos percebem que não precisam entregar grandes mudanças para serem reeleitos, enquanto os eleitores, desiludidos, acabam aceitando a mediocridade como algo inevitável.
Como romper o ciclo?
Embora o tema "na política, nada se cria, nada se renova, tudo se repete" soe pessimista, ele também pode ser um convite à reflexão. Se reconhecermos os padrões que nos aprisionam, podemos começar a questioná-los.
A mudança começa com a consciência de que não existe "salvador da pátria". A política é construída coletivamente, com esforço, fiscalização e participação ativa. Não se trata apenas de votar, mas de acompanhar, cobrar e exigir transparência e resultados.
Além disso, é fundamental fortalecer instituições, pois são elas que garantem a continuidade e estabilidade em tempos de crise. A renovação real.
(*) Professor e analista político
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