(*) Taciano Medrado
Em meio a tantas notícias de prefeitos pedindo socorro, e declarando estado de calamidade financeira me levou a escrever esse artigo.
Espero que os conteúdos abordados por mim ajudem esses prefeitos a encontrarem uma luz no final do túnel, afinal não dá mais para voltar atrás. Não foram enganados.
As transições de governo nas prefeituras brasileiras são frequentemente marcadas por desafios complexos, mas poucos são tão urgentes e persistentes quanto o caos financeiro enfrentado por muitos municípios. Essa realidade não apenas compromete o início de mandato dos novos prefeitos, mas também impõe obstáculos significativos à implementação de políticas públicas essenciais para a população.
O cenário é agravado por décadas de má gestão, falta de planejamento e a dependência excessiva das transferências federais e estaduais. De acordo com estudos recentes, cerca de 80% das prefeituras brasileiras dependem de repasses para fechar suas contas. Em momentos de crise econômica ou de queda na arrecadação, essa dependência se torna ainda mais evidente, deixando os municípios à beira de um colapso financeiro.
Herdeiros de débitos
Os prefeitos que assumiram em janeiro enfrentam frequentemente uma "herança maldita": dívidas milionárias, folha de pagamento atrasada e fornecedores sem receber.
Essa situação exige medidas rápidas e eficazes para evitar o agravamento do problema. Contudo, encontrar soluções não é uma tarefa simples, especialmente considerando que muitas dessas prefeituras já operam no limite de sua capacidade fiscal.
Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), embora essencial para manter a disciplina financeira, também limita a ação dos novos gestores. Os limites impostos para gastos com pessoal e endividamento são frequentemente ultrapassados pela gestão anterior, deixando pouco espaço para investimentos ou mesmo para a manutenção de serviços básicos.
Soluções e parcerias
Para enfrentar esse caos financeiro, é imprescindível que os novos prefeitos adotem uma postura de austeridade e busquem formas criativas de gerir os recursos públicos. Revisão de contratos, corte de despesas desnecessárias e renegociação de dívidas são algumas das medidas emergenciais que podem ser implementadas.
Além disso, a busca por parcerias com o setor privado e organizações da sociedade civil pode ser uma estratégia eficaz para suprir a falta de recursos. Programas de concessão e parcerias público-privadas (PPPs) têm se mostrado uma alternativa viável para investimentos em infraestrutura, saneamento básico e mobilidade urbana, aliviando a pressão sobre os cofres municipais.
Outra ferramenta é a inovação tecnológica. Investir em sistemas de gestão integrada e na digitalização dos serviços pode melhorar a arrecadação e reduzir os custos operacionais. Por exemplo, a implantação de plataformas online para pagamento de impostos municipais não apenas facilita a vida do contribuinte, mas também aumenta a eficiência na cobrança.
O papel da população e da transparência
Outro ponto crucial é a relação entre a gestão pública e a população. Uma administração transparente, que presta contas de suas ações e envolve a sociedade nas decisões, tem maior capacidade de conquistar a confiança dos cidadãos. Campanhas de educação fiscal também podem ser uma aliada, conscientizando os munícipes sobre a importância de pagar tributos e sobre como esses recursos são utilizados.
Por fim, é fundamental que os novos prefeitos mantenham um diálogo aberto com os governos estadual e federal. A negociação de repasses e a busca por recursos extras por meio de emendas parlamentares ou programas de fomento podem ser decisivas para evitar a paralisia administrativa.
Uma oportunidade no meio da crise
Embora o caos financeiro seja um desafio imenso, ele também pode ser uma oportunidade para os novos prefeitos demonstrarem capacidade de liderança e inovação.
Uma gestão eficiente, baseada em planejamento e responsabilidade, pode transformar a realidade de um município, mesmo em condições adversas. Para isso, é essencial coragem para tomar decisões difíceis e compromisso com o bem-estar coletivo.
Em um país tão diverso e desigual como o Brasil, o sucesso de uma gestão municipal não se mede apenas pela capacidade de superar crises, mas também pela habilidade de construir um futuro mais justo e sustentável para sua população.
(*) Professor e analista político
Não
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