Foto montagem TM(*) Taciano Medrado
Mais uma vez, o sertão é palco de um drama que se repete como um clichê mal escrito: as chuvas, que deveriam trazer alívio e renovação, tornam-se sinônimo de transtornos e prejuízos para as populações de Juazeiro e Petrolina.
A promessa de esperança que acompanha as primeiras gotas dá lugar a um filme desgastado, com cenas previsíveis de ruas alagadas, casas invadidas pela água e famílias desesperadas.
Não há novidades no roteiro. As chuvas intensas escancaram, mais uma vez, a precariedade da infraestrutura urbana e a falta de planejamento das gestões municipais. Bocas de lobo entupidas, sistemas de drenagem ineficazes e a ocupação desordenada de áreas de risco são fatores que transformam as precipitações em tragédia anunciada. Apesar das repetidas advertências de especialistas e das recorrentes experiências de desastres, pouco ou nada parece ter sido feito para mudar o cenário.
Os prejuízos não se limitam à perda de bens materiais. O impacto emocional e social é imensurável. Famílias que precisam abandonar suas casas, comerciantes que veem seus estoques destruídos e trabalhadores informais que perdem seus meios de subsistência são apenas alguns dos personagens dessa narrativa de descaso.
O mais alarmante é que as autoridades tratam esses eventos como situações excepcionais, quando na verdade são previsíveis. Não é possível culpar exclusivamente a intensidade das chuvas, pois o problema é também estrutural e político. Onde estão os investimentos em obras de drenagem? Onde está a fiscalização para impedir ocupações irregulares? E, acima de tudo, onde está o compromisso com a população?
É urgente que as gestões municipais de Juazeiro e Petrolina adotem medidas efetivas para evitar que o "filme repetido" continue a ser exibido ano após ano. Planos de contingência, projetos de infraestrutura e campanhas educativas são passos necessários para transformar esse roteiro. Do contrário, restará apenas o papel de espectadores resignados diante de mais uma tragédia anunciada.
(*) Professor e analista político
Não
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