(*) Taciano Medrado
Após uma eleição, a expectativa natural da população é que o prefeito eleito transite do papel de candidato para o de gestor.
No entanto, quando isso não acontece e o prefeito permanece "no palanque", ou seja, preso à retórica eleitoral, aos embates partidários e à busca por aplausos, os riscos para a população podem ser significativos.
Primeiramente, um prefeito que continua a governar como se ainda estivesse em campanha pode negligenciar questões fundamentais de gestão.
Campanhas são voltadas para convencer e conquistar votos; governos, por outro lado, exigem foco em planejamento, execução e resultados concretos. Se o líder permanece focado em discursos populistas ou em atacar adversários políticos, isso pode atrasar a implementação de políticas públicas necessárias e prejudicar o andamento da administração.
Outro risco é o agravamento das divisões políticas na cidade. Durante a campanha, é comum que a sociedade se polarize. Após as eleições, é responsabilidade do vencedor unir a população em torno de objetivos comuns. Um prefeito que continua a agir como se precisasse "vencer" os opositores acaba alimentando o clima de rivalidade, dificultando a construção de consensos importantes para o progresso municipal.
Além disso, a demora em "descer do palanque" pode prejudicar a credibilidade do gestor. A população espera que promessas feitas na campanha sejam cumpridas com seriedade e trabalho. Quando um prefeito gasta mais tempo em eventos festivos ou discursos inflamados do que em soluções concretas, ele pode perder a confiança dos eleitores, enfraquecendo sua liderança.
Há também o impacto sobre a equipe de governo. Secretários, assessores e servidores públicos precisam de um gestor presente e comprometido com a eficiência administrativa.
Um líder ausente ou mais preocupado com sua imagem do que com resultados práticos cria um ambiente de trabalho desorganizado e pouco produtivo, o que afeta diretamente a entrega de serviços essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
Por fim, a cidade como um todo é prejudicada em termos de desenvolvimento. Enquanto o prefeito prioriza questões políticas, problemas reais, como desemprego, déficit habitacional e melhorias urbanas, acabam sendo colocados em segundo plano. Isso gera frustração e compromete o futuro do município.
Descer do palanque significa, acima de tudo, ter maturidade política e compromisso com o bem-estar coletivo. É o momento de deixar de lado o jogo eleitoral e assumir plenamente o papel de líder que trabalha para todos, independentemente de quem o apoiou ou não.
Governar exige foco, diálogo e resultados, e a demora em entender isso pode custar caro, não apenas para o prefeito, mas, principalmente, para a população que o elegeu.
Que os gestores eleitos compreendam que o maior palanque é o trabalho bem feito, e o maior aplauso é o reconhecimento de uma sociedade que vive melhor graças às suas ações.
(*) Professor e analista político
Não
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