Por que não acredito mais na justiça brasileira



(*) Taciano Medrado

Ao lerem esse meu artigo de hoje,  não prejulguem, apenas peço que façam uma reflexão e uma retrospectiva das últimas decisões da justiça do pais. E não estou sendo pessimista, mas sim cético  e realista.

A justiça brasileira, que deveria ser o pilar da igualdade e da ordem, transformou-se em um espelho torto, onde os ricos e poderosos encontram seu reflexo mais nítido, enquanto os pobres se tornam invisíveis. Minha descrença não é fruto de pessimismo gratuito, mas de uma análise realista de um sistema que falha constantemente em seu propósito primordial: a imparcialidade.

Primeiro, temos a lentidão. Processos que deveriam durar meses se arrastam por anos, como se o tempo fosse uma questão de luxo. Essa morosidade não é apenas ineficiência; é uma punição disfarçada. Quem sofre? O trabalhador que espera indenizações, a mãe que luta por uma pensão alimentícia e o réu pobre que apodrece em prisão preventiva, mesmo sem julgamento. Para os ricos, a lentidão é uma vantagem: com advogados bem pagos, protelam até que a justiça simplesmente desista.

Em segundo lugar, há a seletividade. Basta observar o tratamento dado à corrupção. Enquanto figuras públicas poderosas têm condenações anuladas por “erros processuais” ou entram em regalias de prisão domiciliar, o pequeno criminoso, muitas vezes fruto de uma desigualdade estrutural, é condenado rapidamente e sem direito a recursos. A balança da justiça, que deveria pesar equitativamente, inclina-se descaradamente em favor dos mais fortes.

Não podemos ignorar a politização do sistema. Juízes e promotores que deveriam ser neutros tornam-se peças de xadrez em jogos de poder. Decisões são tomadas não com base na lei, mas em interesses políticos, pessoais ou econômicos. Como confiar em um sistema que parece ter um preço?

A ausência de transparência

As decisões judiciais frequentemente soam mais como enigmas do que explicações, enquanto os escândalos envolvendo membros do Judiciário são abafados ou esquecidos rapidamente. E quem fiscaliza os fiscais?

Não acreditar mais na justiça brasileira não é desistir da ideia de justiça, mas reconhecer que a estrutura atual está longe de cumprir seu papel. Enquanto não houver uma reforma profunda, que passe pela democratização do acesso, pela celeridade processual, pelo combate à corrupção e pela independência real dos magistrados, continuaremos presos a um sistema que, em vez de nos proteger, perpetua a desigualdade e a injustiça.

A justiça não deveria ser uma utopia, mas uma prática cotidiana. No Brasil, porém, ela se tornou um privilégio.

Por fim, que esse meu texto não me renda retaliações, prisão ou perseguição por dizer uma verdade que os "blindados semideuses  togados não querem ouvir, pois machucam seus superegos.

(*) Professor, Engenheiro Agrônomo, Bacharel em Administração, matemático,  psicopedagogo e  Analista politico e cidadão brasileiro. 

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