Entenda o que pode mudar na Lei da Ficha Limpa


Nos últimos dias, a Lei da Ficha Limpa voltou ao centro dos debates por conta de um projeto de lei, de autoria do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS). 

A proposta pretende reduzir o período de inelegibilidade de políticos condenados, de oito para dois anos. Aprovada em 2010, a Lei da Ficha Limpa alterou a legislação de inelegibilidade, criada em 1990, estabelecendo regras mais rígidas para impedir que políticos condenados por crimes, como corrupção e abuso de poder, disputem as eleições. 

Atualmente, a lei prevê que políticos condenados fiquem inelegíveis por oito anos. Caso aprovado, o projeto de Bibo Nunes modificaria a Lei das Inelegibilidades, reduzindo, de oito para dois anos, o período de inelegibilidade para políticos condenados, o que impactaria na Lei da Ficha Limpa. 

A mudança reduziria o prazo de inelegibilidade para condenações por abuso de poder político ou econômico, e uso indevido dos meios de comunicação — crimes pelos quais o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, entendendo que ele cometeu abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, ao reunir embaixadores, em julho de 2022, para atacar, sem provas, o sistema eleitoral. Posteriormente, Bolsonaro foi condenado novamente à inelegibilidade pelo TSE, desta vez por abuso de poder político e econômico durante as cerimônias do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, durante a campanha eleitoral. 

Parlamentares aliados a Bolsonaro enxergam, no projeto, uma chance de viabilizar a candidatura do ex-presidente nas próximas eleições. 

Na quarta-feira (5), Bibo Nunes postou, nas redes sociais, um encontro em que teve com Bolsonaro, para discutir sobre a proposta. "Oito anos é tempo que permite muita injustiça e o político corrupto deve ir para a cadeia e não ficar apenas inelegível", escreveu o deputado. 

O que diz a proposta 

O projeto de lei está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara e tem relatoria do deputado Filipe Barros (PL-PR), também aliado de Bolsonaro. 

O texto argumenta que a inelegibilidade de dois anos já seria uma punição suficiente para garantir a moralidade eleitoral. "Entende-se que a inelegibilidade por dois anos seguintes ao pleito eleitoral é uma sanção mais do que suficiente para os fins que se almeja a inelegibilidade", afirma o projeto. 

A proposta ganhou força após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fazer a sinalização de que considera oito anos um tempo muito extenso para a inegibilidade. "Oito anos são quatro eleições, é um tempo extenso na minha avaliação", disse Hugo sobre a Lei da Ficha Limpa, em entrevista à CNN, na última terça-feira (4). 

Na proposta, o deputado também argumenta que políticos condenados por improbidade administrativa já estão sujeitos a outras sanções, como a obrigação de ressarcir os cofres públicos. "A punição de 2 (dois) anos é suficiente em um período eleitoral, dado que afasta qualquer influência que os agentes políticos possam ter neste período eleitoral", complementa o texto. Com esses argumentos, o deputado afirma que a proposta busca adequar a punição da inelegibilidade, pois entende que dois anos seria mais "razoável e proporcional". STF pode barrar mudanças Mesmo que a proposta avance no Congresso, a mudança na Lei da Ficha Limpa pode enfrentar resistência no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Uma ala do Tribunal entende que a flexibilização da legislação pode ser considerada inconstitucional por enfraquecer o princípio da moralidade e da integridade eleitoral. Já considerando certa a judicialização das possíveis alterações na legislação, ministros da Corte veem pouca chance de Bolsonaro reverter a situação dele para disputar a eleição de 2026. Além disso, caso a proposta seja aprovada, a redução do prazo para dois anos — como propõe o projeto — não poderia retroagir para condenações passadas, apenas as futuras. Dessa forma, Bolsonaro não seria beneficiado. A tramitação do projeto na Câmara ainda está em estágio inicial, e a proposta ainda pode gerar intensos debates no Legislativo e no Judiciário nos próximos meses.

(*) Texto e foto: CNN Brasil

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