Na onda da impopularidade, o curral eleitoral de Lula no Nordeste, e em especial na Bahia e Pernambuco está ameaçado



(*) Taciano Medrado

Olá caríssimo(a) leitore(as),

O Nordeste do Brasil, tradicionalmente visto como o "curral eleitoral" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido um pilar fundamental em suas vitórias eleitorais. Regiões que, historicamente, foram mais afetadas pela desigualdade social e econômica, viram no governo petista uma esperança de mudança e melhoria nas condições de vida. 

No entanto, com o atual cenário de impopularidade enfrentado por Lula, a grande questão que se impõe é: o "curral eleitoral" nordestino ainda sustenta a base do petismo ou está realmente ameaçado?

A ascensão e a popularidade de Lula no Nordeste devem-se, em grande parte, às políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades, como o Bolsa Família e o Fome Zero, que garantiram um apoio massivo entre as classes mais baixas da região. 

A região, com seus altos índices de pobreza e necessidade de políticas públicas mais robustas, encontrou no PT um partido que prometeu e, em muitos casos, cumpriu. Isso gerou um voto de gratidão que perdurou ao longo dos anos, sendo refletido nas urnas com uma lealdade quase inquebrantável.

No entanto, a realidade política atual é outra. Lula e seu governo enfrentam um cenário de impopularidade crescente, com críticas tanto internas quanto externas. A crise econômica global, a inflação e os desafios fiscais têm pesado sobre a gestão do presidente, enquanto escândalos de corrupção e a percepção de uma governança distante das necessidades reais da população aumentam a insatisfação. Além disso, a polarização política no Brasil se intensificou, e figuras políticas emergentes do Nordeste, muitas delas com discurso anti-PT, têm buscado capitalizar sobre esse descontentamento.

Em recente pesquisa do Instituto Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (26),  aponta crescimento da rejeição ao presidente no Nordeste. A queda da aprovação de Lula foi significativa, especialmente na Bahia e em Pernambuco, considerado os estados currais eleitorais do PT e onde pela primeira vez a desaprovação superou a aprovação:

Na Bahia a desaprovação atinge  51% (+18 pontos), aprovação de 47% (-19 pontos), enquanto que em Pernambuco a desaprovação e de 50%, e aprovação de 49% (queda de 17 pontos na desaprovação e 16 pontos na aprovação desde dezembro de 2024).

A principal ameaça ao "curral eleitoral" de Lula no Nordeste não está apenas na oposição política, mas na falta de resposta eficaz às expectativas que foram criadas durante os anos de governo petista. O eleitor nordestino, ao longo do tempo, tem se mostrado mais exigente, e a paciência com promessas não cumpridas ou com uma política que não se materializa em benefícios concretos tende a se esgotar. A manutenção do apoio popular está diretamente ligada à entrega de resultados tangíveis, e neste aspecto o governo Lula tem se mostrado vulnerável.

Além disso, o fenômeno das redes sociais e a ascensão de novas lideranças regionais são outros fatores que não podem ser subestimados. As gerações mais jovens, conectadas e informadas, estão cada vez mais distantes da narrativa construída pelo PT, e muitos buscam alternativas mais alinhadas com suas expectativas para o futuro. Isso tem sido especialmente notável em algumas partes do Nordeste, onde o descontentamento tem se manifestado nas urnas, refletindo uma mudança de perspectiva em relação à política tradicional.

A questão que se coloca, portanto, é se Lula, e o PT em geral, conseguem resgatar essa base de apoio que, por décadas, foi considerada fiel. Se a impopularidade continuar a crescer, especialmente em um cenário econômico difícil, a sustentabilidade do "curral eleitoral" do Nordeste se tornará cada vez mais questionável. Contudo, é importante lembrar que a política é dinâmica, e o potencial de renovação e reintegração da base de apoio nordestina para o projeto de Lula não deve ser descartado.

Por fim,  o "curral eleitoral" de Lula no Nordeste não está imune às pressões da impopularidade. A tendência é que o apoio da região seja cada vez mais volúvel, dependendo da capacidade do governo petista de lidar com os desafios internos e externos que se apresentam. 

O Nordeste, que já foi a principal fortaleza do PT, agora representa um campo de batalha crucial para o futuro político do país.

(*) Professor e analista político

Não deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para acompanhar  mais notícias do TMNews do Vale (Blog do professor TM)

 

AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do TMNews do Vale (Blog do professor TM) Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.

Faça um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem