Um punhado de verdades



(*) Percival Puggina

Assim que se reconfigurou o centrão com os congressistas eleitos em 2022, viu-se que, na vida real, o bloco superava, em votos, tanto o governo quanto a oposição. O prato mais pesado da balança passou a ser aquele para onde iam os quatro partidos desse numeroso grupo. Quase sempre era o governo e quase sempre mediante votos conversíveis em emendas parlamentares, cargos etc.

Nestas eleições para as mesas do Senado e da Câmara, não houve aposta perdedora. Todas as cartas estavam na mesa, bastava lê-las para conhecer os resultados finais. Hugo Motta e Davi Alcolumbre presidirão e decidirão as pautas das duas casas até a posse do futuro presidente da República e dos congressistas que venham a ser eleitos em 2026. Será um tempo importante, estratégico, esse em que exercerão seus poderes.

Governo e oposição querem apoio do centrão para o próximo pleito presidencial. Com tais cartas, governo e oposição namorando esse “fiel da balança”, era óbvio que os votos dos dois blocos, antagônicos em tudo, se iriam somar para proporcionar uma quase unanimidade aos dois candidatos.

Se me agrada essa dependência do centrão? Claro que não! Ela se adapta à juristocracia. Ela paralisa o Congresso em pautas importantes para a cidadania. Ela sustenta e aprofunda a gastança do Estado. Ela é corresponsável pelo empobrecimento da população brasileira, coisa que se vê nas ruas. Os preços cada vez mais caros para nós são baratos para os argentinos que invadem, como nunca, as formosas praias de Santa Catarina. Eles têm Milei; nós, Lula, o PT e o centrão. Não bastassem estas evidências, ainda carregamos os custos de um déficit democrático, de um déficit de liberdade, de justiça e de apreço à verdade e ao bem.

Por isso, louvo os candidatos que se apresentaram como alternativa, entre eles o meu jovem conterrâneo Marcel Van Hattem. Por terem sido candidatos e usarem seus tempos na tribuna foram sinais de contradição ante o quadro político, institucional, econômico e social brasileiro. Alguém precisava dizer que aquela não era a melhor festa de uma democracia. Alguém precisava atirar um punhado de verdades ao palco daquele teatro em que se converteu a política no coração da República.

No entanto, não reprovo a conduta da oposição. Como escrevi, na semana passada, no artigo “Por uma Oposição+”, ela precisará do centrão, se quiser vencer em 2026. Sim, para salvar o Brasil tem que obter isso, demonstrando a eleitores e lideranças do centrão que Lula e o petismo representam chumbo nos pés para a futura corrida eleitoral.

(*) Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de jornais.


Artigo publicado pelo site carioca O Boletim

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