A casta superior no Brasil



(*) Valter Bernat

Ulysses Guimarães estava cheio de razão quando disse: “Se este Congresso está ruim, espere o próximo”.

Notícias, artigos na imprensa, crônicas e jornais na TV vêm relatando com muita clareza a aberração predatória nos recursos públicos, decorrentes de mordomias, penduricalhos, benesses salariais, rachadinhas, emendas eivadas de subterfúgios e propinas nas licitações públicas, ou seja, atos ilegais de autoridades, nas três esferas da administração pública, numa degradação tão vergonhosa da moral pública que ultrapassa a capacidade de reação.

Não é privilégio brasileiro a expropriação de recursos públicos, mas a desenfreada desfaçatez que aqui ocorre causa vergonha e desesperança de que um dia teremos instituições públicas menos corruptas. O que ocorre com os rendimentos de magistrados, procuradores e legisladores é inominável.

E o pior é que nenhum, expoente dos poderes públicos, dispõe-se a reconhecer o ponto a que chegou essa dilapidação criminosa; que isso não pode ser socialmente aceito e que há de haver um meio de combater esse verdadeiro achincalhe à sociedade. E não é a simples alternância direita x esquerda que resolverá o problema.

É inacreditável a voracidade do novo (velho) presidente do Senado para trazer mais benesses. Com certeza teremos a extensão das benesses do Senado para a Câmara dos Deputados e pelo Judiciário.

Câmara e Senado decretaram a permissão ao servidor para tirar um dia de descanso a cada três trabalhados e, caso não queira usufruir do benefício, poderá pedir indenização financeira, abrindo margem para aumentar o salário em até um terço, sem ser incluído no “teto constitucional”.

O povo sentado no sofá, a única coisa que poderá mudar é o canal da TV.

O Brasil já é muito caro para os contribuintes, que se matam trabalhando para pagar todos os excessos criados por eles e para eles mesmos. O Congresso e, junte-se a ele o Judiciário, é um dos mais caros do mundo, num país onde o povo ainda sofre com a fome!

Esses personagens, que dizem “trabalhar pelo Brasil”, deveriam ter vergonha de menosprezar o povo e suas dificuldades, para fazer suas contas bancárias cada vez mais polpudas, seus dias de trabalho cada vez menores, e seu desprezo pelo cidadão comum cada vez mais evidente.

Pelo amor de Deus, até quando vamos assistir, impassivelmente, o Legislativo e o Judiciário legislarem em causa própria, aumentando seus vencimentos, indiscriminadamente, fora do teto, enquanto a população rala muito para conseguir receber seus salários.

O salário mínimo atual de R$ 1.412, foi reajustado em 7,5% para vigorar em 2025, ou seja, R$ 1.518, diferentemente da generosidade do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que, ignorando a necessidade no corte de gastos e limitação de supersalários no serviço público, concedeu benefícios a funcionários graduados equivalentes a um aumento salarial de 33%. O vale-refeição também foi reajustado em 22,19%, ficando acima de um salário mínimo.

Viram isso? O vale-refeição do Senado é maior do que um salário-mínimo!!!

Sabendo disso, ao ler que o aumento real do salário mínimo contribui de forma danosa e inconsequente para o aumento da inflação, pois cada real de reajuste acarreta quatrocentos milhões de reais de despesa, fico imaginando o quanto deve prejudicar a inflação e os gastos do governo, os aumentos, penduricalhos e mordomias concedidos aos membros do Judiciário e do Legislativo.

E não parou por aí!

Vemos Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, sem ficar envergonhado, propor o aumentar o número de deputados. Absurdo!

Fico imaginando se esses “sortudos” cumprissem carga horária de segunda a sábado, como o cidadão comum, quanto não ganhariam!

É preciso uma união nacional, com manifestações públicas, tal qual como em 2013, para frear essa loucura parlamentar, no momento ocorrendo no Senado, liderada por seu presidente e, certamente a seguir na Câmara. Só pra lembrar, as manifestações mencionadas foram motivadas por uma série de fatores, incluindo o aumento das tarifas de transporte público, a insuficiência e má qualidade do transporte público, a violência policial, a falta de investimentos em serviços públicos e os gastos com megaeventos.

Nosso “teto constitucional” precisa ser mudado, ou seja, passar a considerar “tudo o que o servidor recebe no mês”. Mas quem aprovaria esta proposta se eles mesmos é que se beneficiam?

É o Brasil na marcha a ré de crescimento e dignidade.

(*) Advogado, analista de TI e editor do site O Boletim

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