Foto: Incra/MSFApós 17 anos de disputas e mobilizações, 800 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) conquistaram 3,4 mil hectares de terra no Projeto Salitre, em Juazeiro (BA), para assentamento.
O acordo, firmado em 10 de março, foi alcançado por meio da parceria entre o Incra no Médio São Francisco e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Além da terra, as famílias receberão sistemas de irrigação e assistência técnica para fomentar a produção agrícola.
Segundo o Incra, este acordo marca uma nova fase de conciliação, alcançada de forma pacífica, sem o uso da força. Aproximadamente 30 reuniões entre o poder público e o movimento social foram necessárias para chegar a este resultado, que reflete um diálogo construtivo e uma solução harmoniosa para todas as partes envolvidas.
A mediação foi conduzida pela diretoria de Mediação e Conciliação do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Cada beneficiário receberá inicialmente um lote de cinco hectares, com dois hectares irrigados, além de infraestrutura hídrica para consumo humano e produção. Também serão fornecidos kits de irrigação e implementos agrícolas para dinamizar a produção de alimentos no bioma semiárido.
A proposta inclui ainda a desapropriação futura de aproximadamente 15 mil hectares para expandir a produção agrícola e assentar mais famílias, promovendo o desenvolvimento sustentável da região.
Desde 2008, as famílias estavam acampadas nas imediações da área, lutando pelo acesso à terra. Maria da Silva, de 47 anos, relembra os desafios enfrentados: “Foram noites dormindo em barracas de lona, enfrentando sol, chuva e até ameaças. Mas nunca perdemos a esperança, a gente sabia que um dia essa terra seria nossa, porque ela é para quem quer trabalhar”.
José Firmino, de 52 anos, expressa sua gratidão pelo acordo: “Agora vamos poder plantar, colher e garantir nosso sustento sem medo de perder nossa produção, como já aconteceu. Isso não tem preço. Não é só terra, é dignidade”, afirma.
Fonte: Agência Sertão
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