Aprendi que, em política, "só sei que nada sei"

 


(*) Taciano Medrado

Olá caríssimo(a) Leitores(a)s,

Parafraseando a famosa frase de Sócrates, “só sei que nada sei”, aplicada à política, busco nesse artigo revelar a complexidade e a imprevisibilidade desse campo. 

A célebre frase carrega uma humildade intelectual fundamental para qualquer área do conhecimento. No entanto, quando aplicada à política, essa ideia se torna ainda mais inquietante. Isso porque a política, diferente de outras ciências, não segue regras fixas ou verdades absolutas. Ela é um campo de disputa onde convicções se chocam, interesses se sobrepõem e, muitas vezes, a lógica e a razão dão lugar à emoção e à manipulação.

Quem se propõe a entender a política logo percebe que certezas duram pouco. Eleições que pareciam previsíveis resultam em surpresas. Discursos que parecem definitivos mudam conforme o vento. Alianças que pareciam inquebrantáveis se dissolvem em segundos. A política não é estática; ela é viva, orgânica e imprevisível.

O grande problema é que muitos entram na política acreditando saber tudo. Acham que basta ter boas ideias, conhecimento técnico e um plano bem estruturado para conquistar a confiança das pessoas e mudar a realidade. Mas logo percebem que a política não funciona assim. Ela não é movida apenas por competência, mas também por relações de poder, interesses individuais e coletivos, além de um jogo simbólico que influencia diretamente a percepção do eleitor.

Na prática, os mais bem preparados nem sempre são os mais reconhecidos. O discurso bem elaborado pode perder força diante de uma narrativa emocionalmente convincente, mesmo que seja superficial ou falsa. O que deveria ser um espaço de debate racional muitas vezes se torna um espetáculo de persuasão, onde a verdade é apenas um detalhe.

Além disso, mesmo aqueles que dedicam suas vidas à política, estudando e acompanhando seus desdobramentos, frequentemente se veem diante de surpresas. Quantos analistas já erraram previsões? Quantos políticos se viram traídos por aliados inesperados? Quantas revoluções surgiram de onde menos se esperava? Isso mostra que, por mais que nos aprofundemos, a política nunca pode ser compreendida em sua totalidade.

Se há algo certo na política, é a sua imprevisibilidade. Líderes caem de um dia para o outro, movimentos que pareciam fracos se tornam forças poderosas, e partidos que pareciam imbatíveis desmoronam. Essa volatilidade é o que torna a política tão fascinante, mas também tão desafiadora.

O eleitorado, por exemplo, não segue padrões fixos. Pesquisas indicam tendências, mas não garantem resultados. O humor social pode ser alterado por um evento inesperado, uma crise econômica, um escândalo ou até mesmo uma fala mal colocada de um candidato. O jogo político não é apenas estratégico, mas também emocional e simbólico.

Os próprios políticos, por mais experientes que sejam, frequentemente se veem reféns das circunstâncias. Quantos já mudaram de posição por conveniência? Quantos já tiveram que renegociar princípios para garantir governabilidade? A política exige adaptação constante, e quem se prende a certezas absolutas corre o risco de ser engolido pelo sistema.
A humildade como princípio

Diante desse cenário, dizer “só sei que nada sei” não é um sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria. É reconhecer que a política não pode ser domada por completo e que sempre haverá algo novo a aprender. Os que se julgam donos da verdade geralmente são os primeiros a cair, pois a política pune a arrogância e recompensa a capacidade de adaptação.

A humildade de reconhecer a própria ignorância permite uma postura mais crítica, aberta ao diálogo e à revisão de posicionamentos. Significa entender que não há soluções fáceis para problemas complexos e que, muitas vezes, a melhor resposta não está nas certezas, mas nas perguntas bem formuladas.

No final das contas, a política é um jogo onde a única certeza é a incerteza. E quem entra nela acreditando saber tudo, cedo ou tarde, aprenderá a dura lição de que, em política, quanto mais se sabe, mais se percebe o quanto ainda há para aprender.

(*) Professor, engenheiro, administrador, psicopedagogo e analista político 

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