(*) Taciano Medrado
Os três símbolos da justiça – a balança, a espada e a venda nos olhos – são tradicionalmente utilizados para representar os princípios fundamentais do sistema judiciário. No entanto, uma análise crítica revela que esses símbolos, apesar de sua intenção idealista, podem refletir distorções e falhas no funcionamento real da justiça.
A balança simboliza o equilíbrio e a ponderação entre as partes em disputa, sugerindo que todas as alegações e evidências devem ser devidamente consideradas antes de um veredito. No entanto, na prática, esse equilíbrio é frequentemente comprometido por fatores como o poder econômico, a influência política e a seletividade do sistema jurídico. O acesso à justiça não é igualitário, pois aqueles que possuem recursos financeiros podem contratar advogados mais influentes, enquanto os menos favorecidos enfrentam dificuldades para se defender adequadamente.
A espada representa a força e a autoridade da justiça para aplicar sanções e garantir o cumprimento da lei. Contudo, essa força muitas vezes se traduz em repressão seletiva e abuso de poder. Em diversas sociedades, a espada da justiça pesa de maneira desproporcional sobre os menos privilegiados, enquanto poderosos e figuras influentes escapam impunes por seus crimes. A seletividade penal e a impunidade revelam como a justiça pode ser severa para alguns e branda para outros.
Por fim, a venda nos olhos simboliza a imparcialidade, sugerindo que a justiça não deve ser influenciada por fatores externos, como status social, raça ou poder. No entanto, essa imparcialidade é frequentemente ilusória. A cegueira da justiça pode ser interpretada não como um sinal de equidade, mas como uma indiferença às desigualdades estruturais da sociedade. A neutralidade absoluta, em muitos casos, apenas perpetua injustiças, pois ignora o contexto social e histórico dos indivíduos envolvidos nos processos judiciais.
Dessa forma, embora a balança, a espada e a venda sejam símbolos de um ideal de justiça, sua aplicação real muitas vezes reflete um sistema falho, permeado por desigualdades e influências externas.
Para que esses símbolos realmente representem justiça, é necessário que a sociedade busque um sistema mais equitativo, transparente e acessível a todos.
Por fim deixo uma provocação: será que os três símbolos, balança, a espada e a venda, de fato representam os princípios fundamentais do sistema judiciário no Brasil?
(*) Professor e analista político
Não deixe
de curtir nossa página Facebook e também Instagram para
acompanhar mais notícias do TMNews do Vale (Blog do professor TM)
AVISO: Os
comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do
TMNews do Vale (Blog do professor TM) Qualquer reclamação ou reparação é de
inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que
violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não
respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário