Brasil recua seis posições em ranking de democracia, aponta The Economist


O Brasil recuou seis posições no “The Democracy Index 2024”, se comparado aos resultados obtidos na pesquisa do ano anterior. 

O índice analisa cinco fatores diferentes para determinar quais são os países mais democráticos e os mais autoritários do mundo. São eles: características do processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política da população, cultura política e liberdades civis. 

O Brasil ocupa a 57ª posição no ranking de 165 países e dois territórios, atrás de nações como Uruguai, Argentina e Suriname. 

A polarização política e o embate do Supremo Tribunal Federal com big techs influenciaram no resultado. “A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser consideradas restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral”, traz o estudo. 

A publicação é feita anualmente pela The Economist Intelligence Unit, uma empresa de pesquisas e análises do Economist Group, que publica a revista The Economist. Pelo levantamento, 25 países foram classificados como democracia plena; 46 como democracia falha; 36 regime híbrido; e 60 regime autoritário. 

Na América do Sul apenas um país se enquadra nessa última classificação: a Venezuela. A Noruega aparece como o país mais democrático do mundo, posição que já ocupava em 2021. Ela é seguida pela Nova Zelândia e Suécia. 

A nação mais autoritária, segundo a publicação, é o Afeganistão, que também já ocupava esta posição desde o retorno do Talebã ao poder, aniquilando muitas das liberdades civis da população local, especialmente das mulheres. Myanmar e Coréia do Norte também compõem o trio considerado mais antidemocrático. Impacto negativo no Brasil 

O levantamento aponta que a polarização política aumentou na última década e hoje 80% dos brasileiros dizem que o conflito entre aqueles que apoiam diferentes partidos políticos é forte ou muito forte. O que, de acordo com o documento, “levou à politização das instituições e ao aumento da violência política”. 

A pesquisa leva em consideração que desde 2019 o Supremo Tribunal Federal vem realizando investigações “controversas” sobre a propagação de suposta desinformação “que atacam as instituições eleitorais e democráticas do Brasil, e em ameaças contra ministros do Supremo Tribunal”. 

A situação chegou ao auge em agosto de 2024, quando o STF ordenou o bloqueio do acesso à empresa de mídia social X (antigo Twitter), sediada nos EUA, já que a empresa não cumpriu as ordens judiciais de encerramento de contas que considerou estarem espalhando informação “massiva de discurso nazista, racista, fascista, odioso e antidemocrático” e retirou seu representante do Brasil. 

O tribunal argumentou que X representava uma “ameaça direta para a integridade do processo democrático” à frente do debate nacional Eleições locais de outubro de 2024. “Restringir o acesso a uma importante plataforma de mídia social desta forma para várias semanas não tem paralelo entre os países democráticos”, diz o estudo. 

De acordo com a pesquisa, a decisão não só tem um efeito inibidor sobre a liberdade de discurso, mas também abre um precedente para os tribunais. “Neste contexto, não é surpreendente que quando os brasileiros estão questionados se acreditam que a liberdade de expressão está garantida em seus país, quase 64% dizem que há pouca ou nenhuma garantia, de acordo com dados do Latinobarômetro de 2023”. 

A CNN procurou as assessorias dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – para comentar a pesquisa, mas ainda não teve retorno.

Texto e foto: CNN Brasil 

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