Dólar cai pelo mundo no Carnaval, mas política pode frear queda no Brasil


O dólar caiu ante as principais moedas do mundo neste início de semana, refletindo o temor dos mercados com os
efeitos das tarifas impostas por Donald Trump aos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos. 

O DXY — índice que mede a força da divisa norte-americana ante uma cesta de moedas fortes — caiu cerca de 1,7% entre o fim da semana passada e esta terça-feira (4), indo para ao redor de 105.6 pontos, o menor patamar desde dezembro do ano passado. 

Enquanto os mercados globais repercutiam os efeitos das taxas à maior economia do mundo, indicadores no Brasil estavam fechados pelo feriado estendido de Carnaval. As operações financeiras retornam no início da tarde desta quarta-feira (5) e, apesar do mau humor internacional, o cenário doméstico deve frear o recuo da divisa norte-americana ante o real. Alexandre Espírito Santo, economista e coordenador do curso de Economia e Finanças da ESPM, aponta o noticiário político como principal fator para que o Brasil não participe desta onda de enfraquecimento do dólar. 

"A gente tem que entender que o dólar aqui dentro é, sim, influenciado pelo dólar no mercado internacional. Mas a gente tem nossos próprios problemas", afirmou em entrevista ao CNN Money nesta terça-feira. 

Como exemplo, o especialista apontou o efeito negativo no câmbio pela nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última sexta-feira (28). "Precisa entender se dólar, aqui dentro, não será contaminado pela questão política", ponderou o economista. 

Espírito Santo também citou os recentes anúncios do governo petista em meio à queda da popularidade de Lula, como o programa Pé-de-Meia e a medida provisória (MP) que muda regras do saque-aniversário para destravar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "Isso não ajuda o Banco Central a trazer em inflação para a meta, que é o trabalho que ele vem fazendo subindo juro", pontuou o economista. "Não adianta vir com um vetor para trazer a inflação para a meta, e o governo gastar". 

Ibovespa em NY 

recua Bolsas ao redor do mundo recuaram nesta terça-feira, após os Estados Unidos iniciarem tarifas de 25% para importações do México e Canadá, além de taxas extras de 10% para produtos chineses, totalizando 20%. 

Em Wall Street, o Dow Jones perdeu 1,55%, enquanto S&P 500 caiu 1,22% e Nasdaq recuou 0,35%. Praças na Europa seguiram a mesma direção, com o Stoxx 600 — que concentra as principais companhias do continente — fechando com perda de 2,14%. 

O EWZ — principais fundo de índice (ETF) do Ibovesva em Wall Street — também encerrou no vermelho, com perda de 0,95%. Durante a sessão, o tombo chegou ao redor de 2%. Para Celson Plácido, partner e CEO na AMW - Asset Management by Warren, as bolsas devem se manter pressionadas com a escalada das guerras comerciais entre os EUA e seus principais parceiros. "Taxas de juros mais elevadas, lucros das empresas menores, maior despesa financeira, e, óbvio, a inflação corroendo a renda da população como um todo", detalha sobre os impactos que as tarifas deverão ter no cenário global.

Texto CNN Brasil

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