Engoli, mas não digeri

  


(*) Taciano Medrado

A expressão "engoli, mas não digeri" significa aceitar algo contra a vontade, sem concordar plenamente ou sem conseguir superar o desconforto causado. Pode ser usada em situações em que alguém precisa aceitar uma decisão, uma explicação ou um acontecimento, mas ainda sente incômodo, indignação ou dúvida em relação a isso.

Diante desse conceito didático, retornarei a um assunto que pode ser retórico mas que tem inquietado não só eu mas milhares de Juazeirense que ainda não  conseguiram digerir algumas nomeações polêmicas feitas pelo atual prefeito de Juazeiro, Marcos Andrei Gonçalves, e torna-se desnecessários enumerar.

No mínimo em duas ocasiões o gestor municipal, ao ser questionado sobre as nomeações  fez declaração,  nada convincente,  na tentativa de  justificar  nomeações polêmicas com o argumento de que "foi eleito pela política", levanta uma série de questionamentos sobre os limites entre o compromisso com a administração pública eficiente e o apadrinhamento político. 

A frase, dita de forma quase simplista, revela um aspecto preocupante da gestão pública: a confusão entre o interesse  público e os arranjos de conveniência que muitas vezes caracterizam os bastidores do poder.

Não é novidade que prefeitos, governadores e presidentes, ao assumirem seus cargos, sintam-se pressionados a acomodar aliados em funções estratégicas. Afinal, a governabilidade depende de alianças. No entanto, há uma linha tênue entre a formação de uma equipe comprometida com a gestão eficiente e o uso da máquina pública como moeda de troca. Nomeações polêmicas, especialmente quando recaem sobre figuras sem experiência técnica ou com histórico duvidoso, minam a confiança da população e comprometem a credibilidade da administração.

Quando o prefeito Marcos Andrei Gonçalves justifica suas escolhas com um argumento genérico, ignora a responsabilidade de prestar contas à sociedade. Ser eleito pela política não é um salvo-conduto para agir sem transparência ou mérito técnico. O eleitorado espera decisões baseadas em competência e compromisso com o bem comum, não apenas a satisfação de grupos de apoio.

Além disso, há um custo direto para a população. Nomeações inadequadas podem resultar em serviços públicos ineficientes, desperdício de recursos e até escândalos de corrupção. O debate sobre a moralidade das indicações políticas deve ir além da legalidade: a prática pode até ser comum, mas isso não significa que seja ética ou benéfica para a cidade.

Governar exige responsabilidade, planejamento e compromisso com resultados. O prefeito tem o direito de formar sua equipe, mas tem o dever de explicar por que cada nomeado é o melhor para a função, e não apenas um pagamento de dívida eleitoral. O povo, que concedeu o mandato a Andrei Gonçalves, merece mais do que respostas vagas; merece gestão de qualidade.

A frase do prefeito é sintomática de uma prática que precisa ser combatida: a ideia de que a política é um fim em si mesma, e não um meio para melhorar a vida das pessoas. A população deve permanecer vigilante, cobrando transparência e responsabilidade, porque, no fim das contas, os impactos das nomeações recairão sobre o cotidiano de cada cidadão.

(*) Professor e analista político

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