Fim do Carnaval: Acaba o "Pão & Circo", Volta a Realidade



(*) Taciano Medrado

Ao escrever esse artigo, não tenho a pretensão de desqualificar uma das maiores festas populares do mundo - O Carnaval, mesmo não sendo adepto a esse tipo de festa popular e respeitando quem gosta, mas mostrar a realidade pós festejos carnavalescos. 

O fim do Carnaval marca o retorno abrupto à realidade para milhões de brasileiros. Depois de dias de folia, com festas, desfiles e uma atmosfera de euforia coletiva, a ressaca é mais do que física: é também social e econômica. 

O que acontece quando os tamborins silenciam e os confetes se misturam à poeira das ruas? Volta a dura realidade de um país com problemas estruturais profundos e desafios que a festa não consegue mascarar.

A expressão "pão e circo" remete à política utilizada pelo Império Romano para manter o povo entretido e afastado das questões políticas. 

No Brasil, o Carnaval cumpre, de certa forma, esse papel. Combinando tradição cultural e um potente mercado econômico, a festa se tornou um espaço de alívio momentâneo diante das crises que assolam o país. O problema não está na celebração em si, mas na ilusão de que, durante aqueles dias de folia, os dilemas cotidianos se dissolvem como serpentina ao vento.

Porém, a quarta-feira de cinzas não perdoa. O trabalhador volta a encarar um transporte público precário, a inflação que corrói seu poder de compra, os impostos sufocantes e os salários estagnados. 

O Brasil ainda tem uma educação pública deficitária, um sistema de saúde sobrecarregado e uma violência crescente. Durante o Carnaval, os noticiários se enchem de imagens das festas e pouco se fala dos problemas estruturais que continuam presentes, como se pudessem ser temporariamente esquecidos.

O mais alarmante é que essa dinâmica se repete ano após ano. Milhões são investidos em desfiles, blocos e infraestrutura para a festa, enquanto hospitais permanecem sem leitos e escolas sem material básico. 

O Carnaval movimenta a economia? Sim, é inegável. Mas para quem? Os grandes patrocinadores, redes hoteleiras e indústrias de bebidas lucram imensamente, enquanto o cidadão comum continua lutando para pagar suas contas após os dias de excessos.

Esse não é um chamado contra o Carnaval, que faz parte da identidade brasileira e carrega um valor cultural significativo. É, sim, uma reflexão sobre como a distração momentânea não pode se tornar um anestésico permanente. Se o brasileiro tivesse a mesma energia e mobilização para cobrar políticas públicas eficientes quanto tem para organizar um bloco de rua, talvez a real festa da democracia fosse celebrada com mais justiça social.

Por fim, quando o último trio elétrico desliga suas caixas de som, fica a pergunta: será que estamos apenas esperando o próximo Carnaval para esquecer, de novo, a dura realidade? Ou vamos finalmente encarar os desafios do país com a seriedade que eles exigem?

(*) Professor e Psicopedagogo


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