Governo lula 3 - S.O.S, apertem os cintos, o piloto sumiu



(*) Taciano Medrado

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou em janeiro de 2023, trouxe consigo uma grande expectativa de retomada do crescimento econômico, redução das desigualdades e um ambiente de maior estabilidade para os trabalhadores e empresários. Contudo, o cenário econômico atual aponta para um caminho bem diferente daquele prometido durante a campanha. A elevação da taxa SELIC para 14,25% nessa quarta-feira pelo COPOM, se tornou um dos principais símbolos de um arrocho monetário que gerou descontentamento em diversos setores da sociedade.

Justificativa 

Segundo a Agência Brasil a alta do preço dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar mais uma vez os juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano. 

Em comunicado, o Copom afirmou que as incertezas externas, principalmente pela política comercial do país, suscitam dúvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano). Em relação ao Brasil, o texto informa que a economia brasileira está aquecida, apesar de sinais de moderação no crescimento.

Segundo o Copom, a inflação cheia e os núcleos (medida que exclui preços mais voláteis, como alimentos e energia) continuam em alta. O órgão alertou que existe o risco de que a inflação de serviços continue alta e informou que continuará a monitorar a política econômica do governo.

Escalada dos aumentos
 
Essa foi a quinta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde outubro de 2016, quando também estava em 14,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária.

Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual.

O que é Taxa SELIC e qual o impacto para a população?

A taxa SELIC, como se sabe, é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Em tese, ao aumentar os juros, o objetivo é reduzir o consumo, desacelerar a economia e, assim, conter a alta dos preços. 

Entretanto, quando a taxa de juros atinge níveis tão elevados como os atuais 14,25%, o efeito colateral é um freio intenso na atividade econômica. As empresas retraem os  investimentos e adiam compras, e o crédito fica cada vez mais escasso e caro. Para a população gera mais  desemprego e  aumento da desigualdade.

No contexto do governo Lula 3, a manutenção de uma SELIC em níveis tão elevados gerou uma contradição difícil de explicar. Afinal, Lula sempre é apresentado como o presidente dos pobres, defensor do crescimento econômico com inclusão social. Durante suas gestões anteriores, principalmente no primeiro mandato (2003-2006), o país viveu um ciclo de crescimento robusto, com forte expansão do consumo interno e políticas sociais de grande alcance, como o Bolsa Família. Porém, o cenário atual parece refletir mais um impasse político do que um comprometimento real com a estabilidade macroeconômica.

Um dos pontos críticos desse debate é a autonomia formal do Banco Central, instituída em 2021, ainda no governo Bolsonaro. Com essa mudança, o BC passou a ter independência legal em relação ao governo de turno, o que, na teoria, garantiria maior estabilidade e previsibilidade à política monetária. Na prática, criou-se um ambiente de tensão entre o Planalto e Lula, desde o início do seu terceiro mandato.

No campo fiscal, os juros aumentam significativamente o custo da dívida pública. O Brasil já destina uma parcela específica de seu orçamento para o pagamento de juros e amortizações, em detrimento de investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Ou seja, o arrocho financeiro também gera um arrocho fiscal, limitando a capacidade do governo de promoção de políticas públicas voltadas  para a  população.

O grande paradoxo do governo Lula 3 é conciliar o discurso desenvolvimentista com a necessidade de cumprir metas fiscais e manter a inflação sob controle. Ao herdar uma economia fragilizada e com pressões fiscais relevantes, Lula encontrou um espaço limitado para promover um novo ciclo de crescimento sem entrar em conflito com o mercado financeiro.

O governo Lula 3 enfrentou um dilema difícil: ceder às critérios do mercado financeiro, manter uma política de juros altos para garantir a “confiança”, ou enfrentar o status quo, assumindo os riscos de um confronto com as forças conservadoras do sistema financeiro. Até aqui, prevaleceu a cautela, mas ao custo de uma economia estagnada e uma população que começa a cobrar resultados mais concretos.

Por fim, o arrocho monetário simbolizado pela SELIC em 14,25% não é apenas uma estatística fria. Ele representa o sofrimento de milhões de brasileiros que perderam o emprego, viram o custo de vida aumentar e enfrentaram a precarização das condições de vida. Se o governo não encontrar um caminho para destravar o crescimento econômico sem romper a estabilidade fiscal, o tão sonhado "novo Brasil" prometido por Lula pode não passará e mais um conto do vigário aplicado pelo maior caloteiro que a história politica brasileira já fabricou. 

Se preparem, tempos sombrios virão!

(*) Processor de Administração e Economia, analise de Investimentos e Engenharia Econômica.

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